sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Augusto - Psicologia de um Vencido

Por estar mais próximo ao sol
o Nordeste é terra de gênio vivo.


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Navajo


Beligerância ativa

“O cheiro do silêncio é muito velho”.



Se nunca encontrei no jovem de espírito
tudo leva a crer que a virtude se não ensina.
Não há hoje bons ateus, céticos ou sofistas,
ao menos não na convivência daqueles que

aos altos brados dizem: “vejam, eu sou”.
O que encontro pelo caminho, e são muitos,
Só encontro hipócritas, fariseus apegados,
arraigados ao material desejo de grandeza,

Saduceus, os péssimos diletantes absen-teístas,
tanto na política, no discurso e na moral inversa.
Deus me livre do rigor escravocrata e do silêncio

na alma é a não opinião, e o nome aposto à coisa,
que não é o selo do silêncio antigo como a morte,
mas o da bitola, do cabresto e tudo isso: cadeias.

Francisco

The Quran

A poesia não é o exercício de se outrar?

Rainha de Copas

"Quando o cimo dos nossos céus se juntarem,

terei, enfim, um teto" - Paul Elúard.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aristóteles

Percepção é afecção.

Pólo - Arist. Met. Trad. Nostra

[981a] Experiências criam arte,
empeirías tekhnen epoíesen
inexperiência, acaso.
apeiría tychen.

Isso disse Pólo, o sofista.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Tempo, espaço, emblema.

“Sonhei com um ninho em que os tempos não dormiam mais;
Sonhei com um ninho em que as árvores repeliam a morte”.
- Adolphe Shedrow.

A memória é feita de tempo sucessivo e emblema.
A memória organiza tudo em face de um dilema.
Como levar o espaço se a matéria não vem junta?
Temos tudo através de imagens coisa que ajunta

& se organiza todo espaço o faz através do tempo.
Os licores fortes são para se livrar o quanto antes.
No vinho do porto os açucares & os francos licores,
livra no ar seu espírito em ricos adornos e odores.

Quando aos quodores, trago a trago, os instantes
mudam na coloração e em seus traços, o grampo
cego que a tudo aproxima, na paráfrase do erro

& nas retinas, certas e infalíveis na rota do veleiro
se ao crítico gracejo das coisas tornas & entorna o
hábito apurado de tender a ser humano & profano.

Labiríntica trama

Como a forte e tênue teia
feita para resistir ao ar,
estendida vence o vento,
espargido som do lamento,
vinha forçar ao dia raiar,
fazendo a silhueta cheia.

Nunca uma coisa bela
tornou-se em uma noite
tão exageradamente feia.

Dês que outrora a noite
associávamos esse tipo
de beleza: círculo e linha.

Como quem na floresta
densa e plácida caminha
sabendo que não há guia
texto, barqueiro, que sirva
a Si na lúgubre travessia.

Paisagem anunciadora
na alma de labirínticas
tramas em que não se
porfia, altos e baixos,
na música e mímicas
sete corpos mortos sob
a relva dos teus dramas.

A consciência se domina
a memória, e, ou se teme
algum dano cobre a tudo
de escombros - e quando
se lhe perguntamos
pelas vítimas:
dá de ombros.

Do alto de uma torre domina
o vasto horizonte e o oceano,
suas vagas beirando
o continente adiante.

Apraz-lhe o mirante perdido.

Imagens

Há dois dias que o mundo não dorme
sobre os braços titânicos de um Atlas.
Atrair e repelir são coisas contrárias?
Mudam-se os sinais, apenas direções


percorridas na simétrica e atrativa
repulsão nas cargas que se trocam
na imensidão dos espaços, silêncio.
Interstícios temporais dos espaços.


Evola o ar os rumores e a fragrância,
o seu fôlego, ao distrair aos temores
o levará mais longe que seu desejo;

A órbita desgastada de meus olhos,
burilado ao auge d' sua fulgurância
tem no esteio do horizonte pousada.

Geometria do tédio

A paixão íntima do vermelho
faz-me ver Djins ao espelho.
A arte é o que nos impede de
cair ao sono que Hypnos cede.


Tudo o que vê sonha.
Nácar vê, Mutter-Erde!
Quantas noites a fio?!
As mesmas estrelas!


E o tédio produtivo na alma.
Topofilia do papel timbrado.
Espaço, defendido contra


forças adversas, amado
na emulação e nas surpresas,
pelo geômetra mensurado.

Abecedário

A alma carregada no mundo
de luz do sol sem penumbra,
reflexo feito luz interior, vai
todo aquele que já brilha, vê

visão de tudo quanto sem ela
não seria possível, além dela,
nem aquém dentro ou o fora,
na mesma fonte a de outrora,

a mesma natureza noturna
em sua crisálida, taciturna
recolhida em seu repouso;

lamparina bailarina diurna,
desabrocha em asas, pouso
na íntima paixão da poesia.

Ária

Nosso catolicismo... tão pagão!
Nosso cataclismo tem de cristão
as lágrimas arrojadas ao solo ínivio.
Palavra de um inveterado ímpio.

Tão ciosa para tudo quanto há
em seus álibis cerca oasis, Ísis
não tivera o cuidado de fechar
a porta dos fundos e a Osíris

mal-fadado, arrojado todo intuito
perseguido às sombras do intuído
real mais que imaginário.

Onde estão as imagens dos quatro
elementos primitivos princípios
das cosmogonias intuitivas?

Finitude

Ora finitude, que um raio me parta!
Onde que o natural movimento cessa,
ou apenas a tua consciência interessa?
Pois eu digo: não há o que aproveite.

Atravesse-a de uma ponta a outra,
se é capaz de trespassá-la te lança,
a garantia é que não há nenhuma.
Sábio não sabia, cria no que desconhecia.

Pelo mesmo motivo que o antigo cria
o moderno não crê hoje em dia.
Exatamente o medo do que desconhece,

e do seu salto artificial não desce
a ver quando a mente estremece,
dolente perante a fé que no horizonte se insinua.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Noli ire, fac venire

A força não se dá,
toma-se.

Apenas por elegância
sem rastro de arrogância,
e porque repugnância
bem soa a boca de uma mulher
o contrário: atração;

Por minha mãe ter me feito assim:
polido e conveniente,
não recuso duas vezes o oferecido,
contudo, o conteúdo não lerei,
presumo o suficiente.

Sophia

Três mais uma -
não é que Sophia valha por duas,
é que são duas as Sophias.

Uma esperta, ágil e tirana,
outra áurea, sincera e cativante.
Distingue-se-as entre gestos
e palavras.

Na primeira a esperteza
retarda as palavras
que não fluem,

vira as costas sem ter o que dizer,
vai, mas volta para fazer
estragos ainda maiores.

II
A segunda toma-te pelo olhar
cristalino e pela naturalidade
ao falar de si na terceira pessoa.
Ingênuo, o rapaz seduzido por

tantas urdiduras, propiciar
a sorte somente a outrem sabia.
Não perdia de si parte alguma
pois viviam todas nos mais longíquos

recônditos ligados ao peito
inflamando... devido a imensa força
unitária que era no nome,

na noite breve que consome,
a lamparina alambicada
e a lamparina nítida e clara.

Sacerdócio dos Segredos

Noli ire,
fac venire.

Constam-Eilan morreu cedo fulminado
por um raio passageiro a ele endereçado.
Foi o primeiro a partir, tornou-se mensageiro
mui sútil e refinado em caráter e gesto.

Aos amigos e amada, Tristan e Sophia
atou com mãos em laços envoltas
as que ela dera antes todas soltas
prometida a outro que esquecera.

Enquanto Tristan refletia numa mecedora
Diarmid, recém-afeiçoado é vítima de trama
e calúnia, duelo na certa em praça pública.

Júlia sua amada e amante um beijo sequer lhe dera.
Em uma noite lancinante, com Stern, Maia, e Mürdin,
intervieram no drama cósmico cênico, para sempre e expandindo.

Pessoa - Livro do Desassossego

- Trecho 121.

"Nasci em um tempo
em que a maioria dos jovens
haviam perdido a crença em Deus,
pela mesma razão que
os seus maiores a haviam tido
- sem saber porquê.
E então, porque o espírito humano
tende naturalmente para
criticar porque sente,
e não porque pensa,
a maioria desses jovens
escolheu a Humanidade
para sucedâneo de Deus.
Pertenço, porém,
àquela espécie de homens
que estão sempre na margem
daquilo a que pertencem,
nem vêem só a multidão
de que são,
senão também
os grandes espaços
que há ao lado.
Por isso nem abandonei Deus
tão amplamente como eles,
nem aceitei nunca a Humanidade.
Considerei que Deus,
sendo improvável,
poderia ser,
podendo pois dever ser adorado;
mas que a Humanidade,
sendo uma mera ideia biológica,
e não significando
mais que a espécie animal humana,
não era mais
digna de adoração
do que qualquer
outra espécie animal".

Trecho inteiro em:
http://horuzonte.spaces.live.com/default.aspx

De Irlanda

Aos varões os louros de glória.
Às beldades coloridas guirlandas .
Em círculos de pedras antigas
celebram a galope com gigantes

a erguer megálitos imensos
tornados mansos cordeiros em fila
circulam pela terra barulhentos
quando as pernas avistam, as crianças bradam:

Mürdin mandou chamar a Kildare,
a dança alegre dos Gigantes!
Carnac, Malborough, Locmariaquer -

Lá está uma pedra grande alta e polida
erguida a guisa de altar, foi lá sustida
que foi possível a prima feita te deflorar.

Helena

O mais interessante que contam
foi como entre Helena, Atena e Afrodite
foi a dama na trama do imenso desquite
a heroína, inocente ou ciente ruína

da cidade de Tróia sitiada de heróis.
Os maiores costumavam bater-se, éfigie
dos seus a poupar exércitos, notáveis campeões
da fama e das pelejas, não inocentam princesas.

Sofistas e poetas o fazem. A Peithó, Éris e Thêmis
evocam, trazendo-as todas a um só golpe.
Para presentificares a rivalidade,

em um instante, duela quem a si coroa,
baila, pisa fundo o abismo
se não vira-te para o lance.

Arcádia e Campos Elísios

Fortuna, rainha megera sempre donzela,
indócil não há quem a faça envelhecer,
velhaca e propiciadora, marca de ter de ser:
Parca - Fiandeira, Distributriz e Inflexível.

Fora Zeus aos campos, longe aos olhos de Hera,
cortejar a nobre filha dos campos da terra,
Maia, e se o nome é arquético e coisa
a que traz a lume o astuto:

Hermes, mensageiro ou intermediário.
Alado pelas bandas de lá e da cá ia
e trouxe o gado de Apolo junto a um estábulo,

ou, em uma cratera na lua, já que foram precisas
e muitas! voltas do carro de Phoebe... sobre orbe
e Palas Atenas, a de olhos glaucos, como medianeira.

Ashem Vohu (Asha) [tradução]

Assim é dito no Ahunwar:
"Celeste como um lorde
deve ser escolhido".

Sagrado Asha é o melhor
dentre os deuses:
que é também alegria.
Feliz o homem que é
sagrado com perfeita sagração.

Admoesta et errabunda

I

Se consigo tens,
simples és feliz.
Que te does
doa o a quem doer.

O que tiver a sorte
dispensa e perdoa.
Mas tudo isso tem
um sentido:

a quem mais for dado
mais lhe será exigido.
Faz da sorte um fá sustenido.

Corpo que há, corpo que vai.
Mala a sorte limita e cai
numa vala e não mais flui

II

Os olhos cessam.
A entropia o diminui.
Ainda resta tempo
a perceber o que não sois.

Não mais teu cadáver
arrastará nem caráter
a te distinguir.
Cai o pano resta-lhe partir.

O grosso pano de tuas vestes
não dispensaste para o rigor
vigoroso de teu último fulgor?

Quantos anelos alimentastes?
Diante quantos anseios fulgazes,
em medo tépido não paralizastes?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Bundahishn [tradução]

1. Como revelado pela religião do Mazdayanos (Mazdeístas),
é declarado que Ormuzd é supremo em onisciência e bondade,
imbatível em esplendor;
a região da luz é o lugar de Ormuzd cujo nome é luz infinita,
e a onisciência e bondade do inexpugnável Ormuzd
é aquilo que é chamado revelação.

2. Revelação é explicação de ambos os espíritos juntos;
um deles é independente do ilimitado tempo,
porque a região, a religião, e o tempo estão em Ormuzd
e nele sempre serão.
Enquanto Ahriman em trevas,
com entendimento atrasado e desejo de destruição,
está no abismo, e é o que não será;
e o lugar da destruição,
e ainda das trevas,
aquilo que é chamado “escuridão sem fim”.

3. Entre eles há o espaço vazio,
que é o que se chama ar,
[região] onde agora temos.

Vai! O quanto antes buscar...

"É inútil que durmas",
Borges - Heráclito.

A riqueza sempre esteve em quem dá.
Onde é que há isso na aridez da avareza?
Sem consolo soluça no estrépito da tristeza.
Onde estiver teu coração estará lá o tesouro.

Se por um sorriso dás tua roupa
ciente de uma nova a sorte te renovar
também aos olhos os seres,
então hás de louvar a morte,
para que ao fulgor
de novas auroras
sempre irrompa.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre nascer pronto

Sofista, poeta, músico e atleta
a competir, contexto agonístico,
fez-se ouvir no rumor de um dístico
aos lábios sem perícia de algum janota.

Campina Grande,
há pouco,
numa cama imensa,
repouso louco,
a celebrar a vida intensa.
Vai ter sorte assim
onde quer que esteja!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Inacabado

A sua prosa fala de boicote e de vida por viver. Pena que também não tenha tempo para escrever. Sabe que é das penas longas e no tracejar rápido como quem alarga a terra em seus gestos cósmicos, pois somente na infante candura da nascente há o mel da musa melífluos olhos enamoradas dos poetas, seduzida, encantada ou possessa. Quanda a vida dentro urge o silêncio e a falta urge na pressa a correr rápidos galopes não acompanhados. Firme e forte cerra na navalha dos lábios o que os dedos nos gestos fazem relembrar. O porvir, o passado, ficções sem a presença. Quadros postergados que tingem matizes estragados os olhos porque forçados na concepção a só transparecer o que há em si mesmo; como é em vão que se inuma uma jovem com ataduras de linho?A águia quer, o leão ousa, o homem sabe, e o touro cala. É ou não é uma mala se todos os vestígios somem?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Mentira em prosa

Como alguém que busca revestir
O corpo com um manto falso,
O prosador lança mão do fausto,

Enfastiando em seu claustro,
Por tanto insistir na demência
De revestir o pleno em inocência

Com tudo aquilo que de si
Emprega mas que na coisa insiste em não existir.

Por não ver a coisa mesma,
Não sabe o que em si encerra
Ela em delícia.

Se não vê mais que espelho
Das imagens que lhe vão
Na mente insensível,
Tenta revestir a coisa do manto impossível,
De quantas coisas quanto nela não há.

Se lhe divisa no olhar tantas coisas alheias,
Todas as falsidades que em si há e pretende
Colar a coisa tantas coisas quanto nela não há.

Na ilusão oposta de afirmar a si mesmo
Com imagens suas por onde lá não está.
Aferroa o gado com o não-ser em brasa,
Cumulando-a de tudo aquilo que ela não é.

Se é que pode divisar o abismo insondável
Onde se deixa tragar no vórtice sincopado
E ritmado e centrípeto, é preciso ter-se perto
Para sentir se lhe a extensão do frêmito
A arrastar a vista dentro.

Na umidade ectipica de suas retinas,
Corpo regular prenunciador da aurora,
Propiciadora sem demora da informe
Ânsia do caos no coração indômito
Ao seio da realidade.

Toda a profundidade do rio
Que se abre a quem não o vê
Como espelho de glória.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Obnubilans

Cega para a polifonia anímica
do discurso onde a alma
expõe a métrica, troca as notas
e então perde o horizonte por eras.

Não vês, cega!?
Não lês o que vai na alma?
Seguro estou então,
na medida de teu glaucoma?

Não é em mim que há
como em Grécia e Roma,
uma cidadela que inflama
a custa da cidade lá fora.

Parto depravado e impúdico,
na sanha ânsia inexpugnável.
Pervertido dês início na ânsia
quis salvá-la, eu corrompido,

ébrio a aler apaixonado,
sensual fanático deplorável,
tarado incorrigível dês infância.

No sentido mais vil e infame...
Que me inflamem as têmporas
se penso em sexo o tempo inteiro,

dês o pendão do pensamento primeiro,
(optando ao invés de falar, trabalhar.
Não seria a filosofia um meio de distrair,

para então evitar do avesso sucumbir,
uma vez que não posso da amada gozar,
torno o sensual prazer em inteligível ardor

a inflamar velhos pistões
ao sabor dos corcéis tonitroantes,
repisando a terra e cavalgando as núvens,

no belo esplendor das serras,
ao encontro das pernas,
é entre o vazio das notas
que se faz a música em que erras.

Essa música eu não dedico


A ninguém.

Ai de minha vela que pelo mar singra
Inflama porque ama o vento & sangra
& se o traga o rodamoinho, que o traga
as plagas d´outro mundo e cesse a vaga
na crista dos dissabores que os amores
falsos causam a quem credita os ardores
aos alvores de outrem, dístico mefítico
Que ao prolífico não atordoa, do tétrico
som que reboa em vão quis te poupar,
Diabolus in musica, não ouves o rufar?
Se inda por bobagens te faltará o ar
& obsessiva tenha vindo me buscar,
não fique triste
que aos poucos
reservo a ternura,
& a uma só -
a ternura inteira.
1 de dezembro de 2008

Da força e grandezas negativas

III

A grandeza negativa,
bem entendida,
é como a sombra
que a distância
do referente
parece maior,
como o amor próprio
inflado de tudo quanto é falso,
por se parecer as coisas que busca,
mas não se é.

Diferença qualitativa:
saber é infalível,
a exigência sobre humana
é que seja sempre verdadeiro.
A opinião verdadeira
pode perdurar
por muito sob
a égide da qualidade
de ser verdadeira,
mas pode deixar de sê-lo,
e tornar-se não mesmo,
o seu contrário ou seu outro.

Por isso, de modo hilário,
diz-se casuisticamente:
“eu acho...” o que não se encontra!
E esse é o retrato do registro opinativo.

O que pesa mais afinal de contas:
o ser ou o não-ser?

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