domingo, 16 de maio de 2010

Ars II

Em toda parte a fartura está
sempre em destaque.

Nasce como flecha que parte.
Estilingada lança com arte
a grave forma
e cai ao solo
para que se alce, pérola
de íntegra beleza.

O metal frio domina
e no papel lento dobra
a vereda em esquina,
sublime entalhe da obra.

Tomei à águia em pleno ar
a formosa e leve pena.
Fiz de tudo, ondeei o mar,
dobrei o horizonte,
diferi céu e terra,
à sina do homem, amém;
cingi sua fronte,
e o fiz amar como quem erra.

Não servem as palavras
sem que lhes acompanhe
o espírito.

Vincos de ouro são estrelas,
dobras das vestes dela,
pérolas de seus olhos
livres como que vertem
luzes em vasos.

Rasos para que não ocultem
os meus que a chama em risos
ao enlace a cintura cingem.

Tuas pernas são a vertigem
em pilares...

Teu sorriso é o aroma da manhã.

Exangue de ter se entregue ao céu
ela deita-lhe o peito que é nuvem.

Seco o ânimo singelo
que viceja
no sopro quente do sol.

Fria a Terra Úmida
pelo orvalho
que cobre a manhã
com um beijo.

Vapor morno
que sobe ao alto
graças ao forte
e sublime anseio.

Frater F.'.

sexta-feira, 14 de maio de 2010