terça-feira, 25 de outubro de 2011

Palco da Morte/ ou Orações Fúnebres

Cristoph Männling

"Wer diese gebrechliche Hüten/
wo das Elend alle Ecken zieret/
mit einem vernünftigen Wortschlusse wollte begläntzen/
der würde keinen unförmlichen Ausspruch machen/
noch das Zielmass der gegründeten Wahrheit überschreiten/
wann er die Welt nennte einen allgemeinen Kauffladen/
eine Zollbude des Todes/
wo der Mensch die gangbahre Wahre/
der Tod der wunderbare Handels-Mann/
Gott der gewisseste Buchhalter/
das Grab aber das versiegelte Gewand und Kauff-Hauss ist."

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

De quem sou eu


Um meu corpo numa alma, e erro.
Sou uma alma errática num corpo.

O que sou?
Eu nu.
Ego noû, s…
O que eu sinto?
Ah, o que eu sinto!
Oh…
Quando muito, minto.
Deserto de mim.

Livrai-me D’eus.
Desapego.
Se houver enterro,
Não chora amor,
[Que não vale] a dor
esse desterro.

O meio que se basta
É grosseiro,
Assim como o inteiro
Que se afasta,
Por que meio?

Se me basto
em tua vasta cabeleira,
caudal de estrelas,
na noite fria,
em teu plenilúnio
prenuncias infortúnio.

Trás os montes,
tuas arrogantes silhuetas,
qual babilônico véu
com que me acalentas
com violentas velas.

Barca oceânica,
cavalos nágua,
quantas miragens,
meu espírito contém?

Paisagens...

Tantas paragens,
passagens
de que sou refém!
Somente o céu
que beija a maré
segue além.

Firma irmã do sonho a rima.

Navegantes astrais, uni-vos.

Às incompetências mundanas,
risonhos questionemos:
acaso traficais o dia,
para trafegar a noite,
qual morcegos?

Parte-tu desta guerra
que nega a terra
e que nos tempera,
era pós era,
e segue a outro cais.
Rejeita a prata e o ouro
produtos de tantos roubos
e subornos...
e investe em copas os ases
de teus dias...

Fiz teu mapa no compasso:
em Vênus és mais sábia 
e se te avizinha Mercúrio,
psicopompo majestoso,
tu sais ao Sol
que a tua efigie refrigera.

domingo, 28 de agosto de 2011

Domingo

Soa o primeiro dó
que é também o último.
Na escala setenária
a oitava é o princípio.

Eis o Alfa e o Ômega.

Não fosse o Domingo
não acordaríamos na segunda.

É o dia da seriedade maior.

Degrau para o salto
de quem busca alento,
é o preciso talento
do ser musical.

A oitava é o laço
que eleva o passo.

Como no ar
intervém o tom
é preciso amar
para ouvir o som...

Ruidoso abraço
que de si expande
os dois únicos amantes,
desde cedo como antes.

É preciosa a primeira nota.
A natureza ecoa em resposta:
se desces ela refrigera,
se sobes ela enlanguesce.

A última nota ninguém a verá
pois ela é o anverso da primeira.
Como os que se procuram era
trás era, e do abismo vivem a beira,
nunca será deselegante levantar-se
na segunda feira.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

TzimTzum

Naquele que não dorme
se encontra a soma
de todas as tensões,
a própria harmonia,
essa fluente guerra
de pares e espelhos.

Fecha os olhos, e o vento uiva.
Esquece o tom, tua alma sonha.
A sibilar a voz o antigo oráculo,
na noite límpida do único som,
lembras que audição e ouvinte
são um e ela mesma, a insônia.

domingo, 7 de agosto de 2011

Agosto

E se tarde ou cedo
a vida passa,
é que de graça
ninguém a teve.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quram

Bright is her colour,
gladdening beholders.

Não há o que explicar,
já é tudo grande demais,
e as sombras, contumazes,
a noite forjam vestígios.