segunda-feira, 26 de setembro de 2011

De quem sou eu


Um meu corpo numa alma, e erro.
Sou uma alma errática num corpo.

O que sou?
Eu nu.
Ego noû, s…
O que eu sinto?
Ah, o que eu sinto!
Oh…
Quando muito, minto.
Deserto de mim.

Livrai-me D’eus.
Desapego.
Se houver enterro,
Não chora amor,
[Que não vale] a dor
esse desterro.

O meio que se basta
É grosseiro,
Assim como o inteiro
Que se afasta,
Por que meio?

Se me basto
em tua vasta cabeleira,
caudal de estrelas,
na noite fria,
em teu plenilúnio
prenuncias infortúnio.

Trás os montes,
tuas arrogantes silhuetas,
qual babilônico véu
com que me acalentas
com violentas velas.

Barca oceânica,
cavalos nágua,
quantas miragens,
meu espírito contém?

Paisagens...

Tantas paragens,
passagens
de que sou refém!
Somente o céu
que beija a maré
segue além.

Firma irmã do sonho a rima.

Navegantes astrais, uni-vos.

Às incompetências mundanas,
risonhos questionemos:
acaso traficais o dia,
para trafegar a noite,
qual morcegos?

Parte-tu desta guerra
que nega a terra
e que nos tempera,
era pós era,
e segue a outro cais.
Rejeita a prata e o ouro
produtos de tantos roubos
e subornos...
e investe em copas os ases
de teus dias...

Fiz teu mapa no compasso:
em Vênus és mais sábia 
e se te avizinha Mercúrio,
psicopompo majestoso,
tu sais ao Sol
que a tua efigie refrigera.