quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Ditirambo

 Vela a alma de Dia

com arte, métrica e ritmo

o que à Noite

os ditirambos mostram.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Limite

 Igne Natura Renovatur Integra

Solo violento

Céu negligente

Negligencia o solo

Violenta o sol

Reparo na triste orla

dentada de meu corpo

a alma desolada

pela ausência

O eu que chora a distância

e que anseia pelo fogo

que virá

para consumar o que nunca fora

E tornar a casa

que mal algum ostenta

de si sola

uma coisa familiar

Entra!

Toma uma xícara

Serve-te,

junta a lareira

mão, prece e alento

Lembra, por pouco que seja,

une tudo quanto não ata,

derrete as bordas,

acende dentro

para que sinta fora

Desce a gruta

e medita filósofo

pela água morna

que ao peito acalenta

Sobe o monte,

colhe orvalho,

a manhã segue lenta;

Sustenta a mão

que impacienta;

Novos odres,

pias, batismos,

ergue o pé

acima do batente

A lentidão dos corpos

agita o espírito,

pedra de toque,

que perfaz o prumo

Sem mapa, sem rumo,

quieto vê:

a manhã está em ti,

tudo o mais sê!

Volta ao mesmo ponto,

o que mais gostais és,

com os outros ais,

banqueteia pão e vinho

Teus são todos os metais

que a Terra abriga,

todas as gemas

e seus gênios

contam contigo,

porque não os desejais

retirar à violência

do lugar onde são

com os seus iguais

Ele ama o filho e a filha,

ela brilha em seus olhos,

nos seus olhos tudo brilha,

nada falta, 

nem parece ela,

é mais que uma tela,

é o mar, é o mar...

Ulula, singra uma vela,

habitais nela,

nela sonhais

Ela recolhe esses sonhos,

sorri a cada infância

que neles, purificada jaz!

Desfaz a trama, ó fogo,

alteia a não poder mais!

Derrete a ferrugem,

a fênix no pelicano refaz

a antiga figura das estrelas,

o dorso de Nuit amada,

de cujo seio afeto brota

Colore o corpo,

nasce,

silencia o corvo,

morre, renasce!

O fruto amadurece doce

em profunda paz

Seguro firme

Teus pés consigo faz

todo o percurso a cada passo

No sorriso dessa criança

estás inteiro e inteira,

nada se perde,

és um braseiro,

o coração de uma estrela,

sabes tu:

arde menos que um beijo

que na testa dela estala

e relampeia sem artifício

A ti entregue foi pela mãe

um sagrado ofício

para que o pai brilhe

no dia eterno

e sem atropelo

de uma noite lenta:

pelo fogo toda natureza se consuma!