Vela a alma de Dia
com arte, métrica e ritmo
o que à Noite
os ditirambos mostram.
Igne Natura Renovatur Integra
Solo violento
Céu negligente
Negligencia o solo
Violenta o sol
Reparo na triste orla
dentada de meu corpo
a alma desolada
pela ausência
O eu que chora a distância
e que anseia pelo fogo
que virá
para consumar o que nunca fora
E tornar a casa
que mal algum ostenta
de si sola
uma coisa familiar
Entra!
Toma uma xícara
Serve-te,
junta a lareira
mão, prece e alento
Lembra, por pouco que seja,
une tudo quanto não ata,
derrete as bordas,
acende dentro
para que sinta fora
Desce a gruta
e medita filósofo
pela água morna
que ao peito acalenta
Sobe o monte,
colhe orvalho,
a manhã segue lenta;
Sustenta a mão
que impacienta;
Novos odres,
pias, batismos,
ergue o pé
acima do batente
A lentidão dos corpos
agita o espírito,
pedra de toque,
que perfaz o prumo
Sem mapa, sem rumo,
quieto vê:
a manhã está em ti,
tudo o mais sê!
Volta ao mesmo ponto,
o que mais gostais és,
com os outros ais,
banqueteia pão e vinho
Teus são todos os metais
que a Terra abriga,
todas as gemas
e seus gênios
contam contigo,
porque não os desejais
retirar à violência
do lugar onde são
com os seus iguais
Ele ama o filho e a filha,
ela brilha em seus olhos,
nos seus olhos tudo brilha,
nada falta,
nem parece ela,
é mais que uma tela,
é o mar, é o mar...
Ulula, singra uma vela,
habitais nela,
nela sonhais
Ela recolhe esses sonhos,
sorri a cada infância
que neles, purificada jaz!
Desfaz a trama, ó fogo,
alteia a não poder mais!
Derrete a ferrugem,
a fênix no pelicano refaz
a antiga figura das estrelas,
o dorso de Nuit amada,
de cujo seio afeto brota
Colore o corpo,
nasce,
silencia o corvo,
morre, renasce!
O fruto amadurece doce
em profunda paz
Seguro firme
Teus pés consigo faz
todo o percurso a cada passo
No sorriso dessa criança
estás inteiro e inteira,
nada se perde,
és um braseiro,
o coração de uma estrela,
sabes tu:
arde menos que um beijo
que na testa dela estala
e relampeia sem artifício
A ti entregue foi pela mãe
um sagrado ofício
para que o pai brilhe
no dia eterno
e sem atropelo
de uma noite lenta:
pelo fogo toda natureza se consuma!