I hit the ground
Dos ancestrais o musgo,
o jardim, a pegajosa cidreira,
a ladeira cujos cantos coam a chuva...
Da casa materna, nunca dada,
as estendidas pernas ao chão
por um colo...
Fluxo de minha presença
pelos cômodos sem descanso,
para lá e para cá,
por não ser daqui ou dali
Cerâmica e pedra,
terra, frio solo
de que me via transportado
a cada vez,
a tornar-se ladrilho e pó
Então me via só
a fitar derradeiro
o que já não era lar
De costas para o futuro,
por que voltei lá?
A transparente presença,
a memória, o corpo-tempo
do inconsciente se ergue tal fantasma
Ao alento constrange asma
Estará a caverna n'alma,
a outra gruta e o jazigo?
Por que fui ter lá,
novamente, de costas para o presente,
onde nada, ninguém, nem sinal havia?
Que são essas coisas que ao soalho
se misturam ao olvido?
Minhas coisas?
Quem as deitou fora tal cascalho?
Que imensa fúria
essa a desintegrar-me?
Baixo o olhar,
e ergo do rodapé
até alto o teto:
qual o sujeito?
Mundo
Retábulo, objeto
A casa e a viúva...
Nem manta, nem travesseiro,
a pedra por descanso
de meus dias inteiros
A árvore sagrada
O leito de ametistas
O lago da consciência
Pelo pomar se permuta
o árido deserto,
pela atroz agência,
apego e desapego,
que a paisagem transtorna
Por que deixei o Leste
e viajei a Oeste?
Que perdi, que recolhi?
Onde o fôlego?
Por que tão longo ess' exílio?
O filósofo pergunta
e as mãos junta em apelo:
Que é a casa,
pedra, argamassa,
tijolo e telha,
madeira e metal,
ou o em vistas de quê se a ergue?
O poeta perscruta o dia da noite
e vê
das imagens, sombras fugidias...
e que
das coisas quando joeiradas
restam as palavras,
da presença, o nome,
dos dias, a fome...
João Pessoa, 23/10/2020
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