sábado, 3 de janeiro de 2009
Jainá
barganhou: "Vamos
a praia, & como antes
passa pela farmácia";
Queria furar a orelha &
lá por um brinco, vaidosa!
Linda & com razão.
Loira & voluntariosa.
Séria a captar o dia familiar,
fez persona moderna do Chaplin,
conviver na figura do MacGiver.
Perguntei-lhe se como nos antigos
filmes via-se o mundo em duas cores.
Ela que respondeu mais com o olhar:
"É claro que não" & riu-se no gesto.
Jainá tem cinco anos.
É cineasta & tem uma sorveteria.
À beira mar leva duas boias aos braços.
Vai dar um trabalho!
Joachim
O rei cativo e liberto.
A Babilônia desolada.
O alquimista moderno.
Entretêm a si em meio
a brasas, leves, fulgazes,
as sopra, retém o melhor
dentre as fulgurâncias &
e deixa-as, só quer o seu.
Não se apega mais que
o que é preciso para viver.
Tem o cetro, a varinha
& o criativo cajado...
O mais poder é a extensão
de seu vi-ver, desafia as ondas
na arrebentação, pois sabe-se
mais forte que qualquer fluxo.
Joachim tem sete anos.
Alchemica Vitam
alisa o mar &
suas ondas avançam
em direção a terra.
Vê como o sol se lança
como uma esteira sobre as águas.
Segue essa esteira e estarás a salvo.
Refrata o ar & prisma em teus cílios...
A luz do fogo, lanterna que te conduz.
Amaina a mente o que há no palco.
Nega no mundo o falso anelo.
Canta a beleza de formas
que evolui no ébano &
sabe-as apenas sombras curtas.
Horror Vacui
O ser humano, já que é natureza,
tem horror ao nada, ao vazio, ao vácuo.
Assim busca preencher-se
com muitos nomes e coisas.
Vive-as em mente,
e onde espreita a morte.
Não sabe que a causa
da morte é o amor e o apego.
Essa ignorância
dita-lhe a sorte.
A confiança se não provas,
também não se conquista.
Apenas o mérito é justa divisa.
Não ao acaso como numa noite fortuíta
onde do amor dos pais recebe a criança
a beleza como que por dádiva.
Como se a morte não fosse a libertação
das limitações corpóreas.
Vejam como os sentidos alcançam as estrelas,
veja como o pensamento as ultrapassa.
O sono é necessário,
ainda que seja inútil.
O material não importa.
Acaso choras por que tens lágrimas?
A natureza poderia fazer peixes de plástico.
Se não tivesse algo melhor a disposição.
O que mantém, enfim, a coesão,
existente em cada coisa consigo,
e entre as coisas vivas,
em seus afetos, células e átomos?
Atom-Hearth-Mother!
Sun-Rá-Lux-Father!
Lab-or-a
pois eu sou porta-voz da incoerência
Desprezando o seu gesto de clemência
eu sei o que meu pensamento te atrapalha
Sele só o seu cavalo de batalha
e faça a lua brilhar ao meio-dia.
Tempestade eu tranformo em calmaria
e dou um beijo no fio da navalha,
para dançar e cair nas tuas malhas,
gargalhando e gemendo de agonia.
(Alceu Valença - Agalopado).
Ora, ora, labora et inveniens.
O laboratório é o mundo.
O mundo está contido em mim.
O mundo não me contém.
Aquele mapa é o resumo de tudo.
O mal encontrou em mim um alvo.
Não tomou coisa alguma como refém.
Sabe a largura do vaso e a altura do céu,
o rigor, e o pendor do íntegro athanor,
onde o mal se transmuda num bem maior.
Tal a extensão e profundidade do mal
à descida voluntária da e na reflexão
bem equivale ao auge da exaltação,
livra-te do mal que há em ti;
humilho e purifico-te.
Os braços são vastos como o mundo.
E, eu não te odeio.
O sol não faz distinção...
Solve et coagula.