terça-feira, 17 de março de 2009

Oisin

Quando, ó artista desconhecido,

tuas faltas irão soar & nas tristes

harpas de outrora espiar teu crime?

Que brisa suave & leve te não imporá

o peso grave dessa música intolerável?

Poderá ela deixar de falar ao meu ouvido?

Desde o crepúsculo a morte espreita como sombra

de través atrás de tua alma pertinaz.

Poderia eu esquecer o torno de luz,

branca cabeleira coroada, irmã do rei?

Vai, filho de teu pai, tuas palavras

são como o vento para mim.

Vento que se dirige aos tristes

vales do outono cinzento.

Habitante do mar, navio de velas,

são asas de batalha...

Descuida o curso do meteoro

destinado a te afundar.

Como negras nuvens que rolam no céu,

atrás de mim, as crianças dos heróis

deixadas para trás, clamam de saudade

pela terra desconhecida, os vales ínferos da morte.

Cada olhar contém seu escudo acostumado a batalhas.

[Cada olhar é como um escudo cansado de batalhas].

Venha a mim, ó tu, que habita entre as harpas.

Tu que salta pelas cordas afora,

faz perder a terra aos meus pés.

Não há palavras que te valham,

elas que apenas afiam em pedras suas pontas.

Cada alma está enrolada em si mesma

como pergaminho em língua antiga.

Ao menos o surdo clangor está a nu e desperto

nos teus olhos, em todos os seus ecoantes escudos.

Cada olho toma seus rios pela noite,

nos seus intervalos a escuridão para.

Desiguais queimam os rumores das canções

sem o fumo através dos desquitados ventos.

Brada sobre o rosáceo da lua.

No seu manto brilha o sol, seu parceiro inolvidável.

Ao pé do rio há o vale com suas árvores ecoantes.

Diga a ele: desde aurora está aqui o pai da alegria.

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