quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Corola Lunar (página 3)

Torna-te o que tu és.

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Percebo os seus olhos sobre mim. Deixo as palavras ecoando e volto para ver quem me fita. Vejo-a e torno sobre a trilha da frase por completar. A aula finda, muitos continuam na sala. Ela sai da sala. Não a sigo. Exceto no pensamento...

Está viva. A sua presença física protege-se, separando-se de mim por uma parede. Mas eis que volvo sobre minhas espáduas e a esquerda está ela novamente, como quem quer ver sem ser vista.

Ela escuta, eu vejo e falo... Com outra pessoa. Finjo atenção. O discurso tem trilho firme e certo. Nele não estou abalado. Ela é linda. A sua aparência é de céu e inferno. Seu olhar é devassidão profunda. Sua vista beata, maldita e bela. Tem o abismo aos pés. O mais produz torvelinho e síncope.

Sabemos nos evitar. É como espetar farpas entre as unhas. Começou naturalmente. Sabe-se também que não passamos um instante despercebido um do outro. Confesso que ela nunca esteve sozinha em sua afetação. Não sei se me imita desde que me descobriu o ardil. Se não lhe dou atenção, se nunca antes vi quem requeresse tanto, se finjo ignorá-la, se isso é difícil, e ela o sabe, mesmo assim, funciona.

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2 comentários:

A primeira estrela disse...

essa vida ingrata já não me serve pra nada.

matheus de brito disse...

isso é merda, quase literalmente.