segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Trigal ao sol

Ondulante assanha a relva
o vento ululante que a selva
arranha...

O solo.

Os trigais douram e duram
ao sabor do sol...

É o vento em suas asas
entre as espigas que se faz
presente...

Em direção constante
sigo eu e instante
astro a pino no zênite
o céu dividindo...

Nesse instante à casa chego.

Sozinha, no alto do morro,
bem na beira escorregadia,
segue a hora e arraial carrega
nas costas no fluir sadio da hora.

Tudo caminha e o manancial
atravessa-nos.

Raia alto o sol
que tudo incendeia
e a cor realça a tez
inteira em graus.

Subi firme e fixei-me lá.
Em ti a alça o ombro plácido
coroava o meu assombro.

Tu eras o sol nas pálpebras
coando pois o manancial inteiro
em teus olhos tresloucaria-me.

Tua pele resplandecia amorenando
e o sabor melífico dimanava desde
o peito...

Sorvia a imagem.

Mata-me a sede aos poucos
passo-a-passo, aproxima-te!

Só eu sei para onde o vento caminha.
En general,
on ne ce sait pas où il vent s´en vá.

Por que tu não te pintas...
Pour quelle raison tu ne te faisait pas en coleurs?
- demandai l´enfant.

Em cores ternas
sabíamos de ti,
ó Presença que
tudo perpassa!

Quer saber.
Assim pergunta
a criança em suas letras...

Quando tudo é linguagem.

Breve a língua di-me:
- Veredas não rasgarias
na carne rica se o fim eterno
e lento e vário não se fizesse...
A outra em ti, a reflexão,
é um roedor que ao tino transtorna.
É em ti a vida que se faz de louca
para sofrer de rir em teu peito...
irrepetível.

Nenhum comentário: