quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tu

É preciso saber ver, pois ver é complexo como tudo.

Não é a ti, pobre quimera,

Que eu busco pela Esfera.

É tão somente a intenção.

Prevista nessa intercessão

Dos saberes que se tocam,

Dos olhares que evocam –

Pura e pretensa obsessão.

Sei que não me vislumbras.

Não sou claro nem obscuro.

Vivo dada às mãos que curo.

Sem ser pelos comuns bravas,

Nem ameno ao sabor de vagas,

Apenas esta entidade do meio.

Por que não seriam totalmente

Indiferentes quanto a mim as estrelas?

Só porque estou abaixo delas?

Calhar estou acima delas e a perspectiva é outra e errônea.

Calhar é por mim que elas vivem.

Soberbas, sobreviveriam não houvesse alguém para olhá-las?

De que vale a férrica intenção do poeta de descrever o verde, os campos e as flores, as estrelas e os astros, as vidas e as gentes com seus olhos e suas cristas? Afinal a realidade não basta e é preciso duplicá-la, cindi-la ou espelhar-lhe? É que todas as coisas são passageiras como os dias e as imagens cumpridas, no papel se prolongam, para além da sorte que lhe dá os poucos dias em que uma flor consegue manter em seu viço e suas cores.

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