sábado, 28 de novembro de 2009

Moira

Sei que incorro no temerário erro
de julgar o que as aparências mostram
[redundância cíclica -
phainô,
as coisas já são dadas onde aparecem].
Em aula deito o pau na imaginação.
No papel me reconcilio que ela.

Como é que é
que o que se julga,
isto é, se aceita,
[dokaô,
tauta mahêseai,
hôs dokounta khrên dokímôs einai
dià pantòs pánta perônta - sigo trad. do Mestre:
"tudo aprender,
como aparências aparentemente são
passando todas através de tudo" (DK22, B1, 31-32)
tornar-se-ia verdadeiro?
Ou a verdade é o que se revela?
[O aparente é o real]
Pois o um está em todas as coisas
[en pantì eóntôn,
cada coisa segundo o seu domínio
[hékastou dè katà tò epikratoûn,
(DK59 B1, in Simpl. Física, 155, 23]
Cada coisa tem parte em tudo...
[én pantì pantòs moîra... - fr. 11]
Estas partes são as Moiras que as dão.

Maiores mortes maiores sortes [partes]
recebem.
[Heráclito, fr. 25 -
onde mortes - móroi
e sortes - moirai
são o que as Moiras
repartem, verbo meíromai];

Felizes os intrépidos,
os em quem o espírito
fez morada de futuro.

Mas os homens
descompassados não ouvem,
ou se ouvissem
é como se não houvesse
ninguém em casa,
presentes estão ausentes .
[pareóntas apeinai - DK22 B32, ad finem].

E eis o seu martírio.

É que ainda que comunguem do lógos,
não ouvem nem escutam a voz interior,
aquela que reúne todas as coisas, homologa.

Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça:
limites de alma não encontrarás
tão profundo lógos [sic, idem: medida]
ela tem.

A partir deste antigo lógos é sábio concordar:
tudo é um - hên to pán.

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