“Os nossos amores decorriam tranquilos,
como ela queria, nas duas
dimensões do espaço apenas”.
Não me vejam.
Dissimulo outro através dos versos.
Não se pode respeitar um poeta que se pode encontrar pelas esquinas.
Por isso finjo que sou o que nunca aparece.
Se calhar sigo isso e nem saio de casa.
Visto que isolar-se é respeitar a verdade de outrem.
A única verdade sou eu.
Nem sequer isso pode ser compreendido.
Compreender alguém é aprisionar-lhe em um entendimento mínimo.
Ninguém é capaz de mais que esse pequeno entendimento.
Visto que quão maior for essa idéia que se tenha de alguém, maior a preguiça, o que não se coaduna com o sentimento moderno de pressa.
Contradiz o tédio que advém quando se julga conhecer a outro.
Assim, o melhor é nem tentar conhecê-lo e abismar-se ou apenas gozar diante as suas tentativas de se mostrar maior.
Como que por acaso.
Como quem se abala, balança com o corpo.
Ou passa o dedo entre os cabelos, fingindo que faz isso naturalmente, mesmo quando não há quem esteja olhando.
Um comentário:
“Os nossos amores decorriam tranquilos,
como ela queria, nas duas
dimensões do espaço apenas” bastante lindo =*
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