Como quem a própria revelia
sobre si e outrem sincero tripudia,
emocionalmente pouco eloquente.
Já me despi, jamais me revelaria
se não te achasse o que mais há completa
mas não é tão complexa quanto simples.
E se da alma minha se te a locupleta,
inteira torna junto a fogueira que te apascenta,
antes da tormenta, a única que te esquenta.
Minha voz não treme, do medo isenta,
acostumado ou naturalmente dotado
improviso, corrijo, reviso, digo lento,
não serei por entre teus ouvidos o vento
pois sei que do autêntico talento
vivem as musas enamoradas.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Livros e Putas
Livros e putas gostam de virar-nos as costas
enquanto se despem.
Parece ou não parece
que suceda o caso
da parecença ser tal
e encomenda?
O embrulho mudo
não revida agravos.
Senti nos urros bravos
o efeito dos murros
postergados.
"Oh, não me deixas
falar..."
A tendência é piorar.
No além-mar tudo
é mais complexo.
"Parece que não me ouve.
Ou apercebe-se do digo?"
Nisso sou com ela generoso.
Um bom ouvinte.
Melhor ouvinte que leitor,
melhor leitor que arguidor.
"Oh,...".
Se quiseres que eu rememore, repita:
palavra por palavra,
gesto sobre gesto,
curvas de boca a entortar...
ipsis litteris, o tudo-nada
que dissestes, diga-me,
que inda repito-lhe
os trejeitos, os acentos,
e os metros.
"Oh, não precisas,
não precisas fazer
isso".
Envolvente [...]
Antes de tudo não é minha peroração
É o que antecede.
Cega para a luz da imagem a efígie
verdadeira da coisa, no seu nome,
já lhe prognostiva a ânsia e a fome,
de buscar a silhueta magna, porta-égide
da eloquência trazendo no manto
as estrelas que vertem como o pranto
assim como luzilíneas centúrias
nos fios declinando te esconderias,
se fosse vivaz mantendo o eixo
na encruzilhada do destino
não a direita vetusto peregrino
mas a esquerda ponte do sexo
imagem sem nexo, sem desleixo
redonda tal um insigne seixo
que a mão se acomoda,
a coisa mesma se apoda
da mais alta estirpe
altiva e benfeitora,
carente e silente
ao que na alma leva.
Cega para a luz da imagem a efígie
verdadeira da coisa, no seu nome,
já lhe prognostiva a ânsia e a fome,
de buscar a silhueta magna, porta-égide
da eloquência trazendo no manto
as estrelas que vertem como o pranto
assim como luzilíneas centúrias
nos fios declinando te esconderias,
se fosse vivaz mantendo o eixo
na encruzilhada do destino
não a direita vetusto peregrino
mas a esquerda ponte do sexo
imagem sem nexo, sem desleixo
redonda tal um insigne seixo
que a mão se acomoda,
a coisa mesma se apoda
da mais alta estirpe
altiva e benfeitora,
carente e silente
ao que na alma leva.
Elpis
Ao mesmo esperança,
cabo do desassossego,
confiança nobre e parva,
que te concede a fiança.
Não insistirei em bater-me
com castelos ou moinhos
de vento, esbater-me
contra paredes vazias,
autênticidade no valor da ira
na plena potência,
quando supõe que do que irá
tardar na equivalência,
dos sentidos da vivência
com-partilhados dia a dia,
melhor ter tido a medida
do parceiro devido a lida
escrita perdida dos traços
bordados em fios e vasos
etruscos votivos, persas,
egípcias reentrâncias
labirinticas tramas
não dão cabo da infância
proporcionada ânsia
sofisticada de quinas camas.
Zênite e Nadir
tocam-se no entrevir
ao abrir os olhos a névoa
insana, aos sentidos ávidos
proclama:
Se de braseiro sempre viva
a chama violácea
não queima, arde e tempera
sob a lotús rosácea,
em rubi convalescendo
do bálsamo contrátil,
na côncava portátil, o
tátil portal aquecendo.
cabo do desassossego,
confiança nobre e parva,
que te concede a fiança.
Não insistirei em bater-me
com castelos ou moinhos
de vento, esbater-me
contra paredes vazias,
autênticidade no valor da ira
na plena potência,
quando supõe que do que irá
tardar na equivalência,
dos sentidos da vivência
com-partilhados dia a dia,
melhor ter tido a medida
do parceiro devido a lida
escrita perdida dos traços
bordados em fios e vasos
etruscos votivos, persas,
egípcias reentrâncias
labirinticas tramas
não dão cabo da infância
proporcionada ânsia
sofisticada de quinas camas.
Zênite e Nadir
tocam-se no entrevir
ao abrir os olhos a névoa
insana, aos sentidos ávidos
proclama:
Se de braseiro sempre viva
a chama violácea
não queima, arde e tempera
sob a lotús rosácea,
em rubi convalescendo
do bálsamo contrátil,
na côncava portátil, o
tátil portal aquecendo.
Petite deu-jeuner
Usa-se tudo de mim e mandai-me embora,
intensidade de meses em dias ou uma hora.
Voa e se não for firme, denso e forte,
deixa-me voar até que me liquide o corte,
não há em mim o que tema a minha morte,
porém, dela, dos parentes e irmãos me deu a sorte.
Apartai de mim o negrume frugal,
o veneno, a pá e a cal,
nunca estive tão feliz pelas escarpas desse vau,
ao sabor do manancial intenso,
vão-se as horas com a nau.
Se diminuir a tensão a corda estoura,
a dimensão do pasto é uma imensa lavoura,
que alguém cortou com mãos em tesoura,
guardando na algibeira o tesouro alheio,
e a tesoura os emolumentos ingratos
de serem dados a outros...
Apartem-se das cabeças inglórias,
a mirra, a ambrosia e os louros.
Sigam sempre os clamores
da terra e dos céus,
trazendo a noite porta-égide
plena envolta em seus véus,
- junto ti a si.
Antes que o coração me explora o crânio,
não deixarei que ela complete o seu plano.
intensidade de meses em dias ou uma hora.
Voa e se não for firme, denso e forte,
deixa-me voar até que me liquide o corte,
não há em mim o que tema a minha morte,
porém, dela, dos parentes e irmãos me deu a sorte.
Apartai de mim o negrume frugal,
o veneno, a pá e a cal,
nunca estive tão feliz pelas escarpas desse vau,
ao sabor do manancial intenso,
vão-se as horas com a nau.
Se diminuir a tensão a corda estoura,
a dimensão do pasto é uma imensa lavoura,
que alguém cortou com mãos em tesoura,
guardando na algibeira o tesouro alheio,
e a tesoura os emolumentos ingratos
de serem dados a outros...
Apartem-se das cabeças inglórias,
a mirra, a ambrosia e os louros.
Sigam sempre os clamores
da terra e dos céus,
trazendo a noite porta-égide
plena envolta em seus véus,
- junto ti a si.
Antes que o coração me explora o crânio,
não deixarei que ela complete o seu plano.
Selvagem
Faço minha a módica selvagem:
alimento, uma fêmea, repouso e Arte,
devia eu o moderno dizer,
que da natureza inteira,
inteiro e parte, simultaneamente;
Que os movimentos dos membros
espelhem os movimentos do caráter.
O ser físico, metafísico
moral e consciente,
sua constituição sua liberdade
da vontade nobre e soberano,
dádiva ou aquisição sempre a mão
para fazer de si a prerrogativa do gozo,
não digas: não!
Ou será em vão teres nascido.
Como que diria? ... tão...
bela... precoce, eterna nela,
que o pensar e o sentir
sejam uma na entidade
única, apenas não seja
só! Nem a a deriva,
irrisória e irridescente.
Divisa de nosso espaço
para que em nós se abra.
alimento, uma fêmea, repouso e Arte,
devia eu o moderno dizer,
que da natureza inteira,
inteiro e parte, simultaneamente;
Que os movimentos dos membros
espelhem os movimentos do caráter.
O ser físico, metafísico
moral e consciente,
sua constituição sua liberdade
da vontade nobre e soberano,
dádiva ou aquisição sempre a mão
para fazer de si a prerrogativa do gozo,
não digas: não!
Ou será em vão teres nascido.
Como que diria? ... tão...
bela... precoce, eterna nela,
que o pensar e o sentir
sejam uma na entidade
única, apenas não seja
só! Nem a a deriva,
irrisória e irridescente.
Divisa de nosso espaço
para que em nós se abra.
Thanatos ouk te kai Eros
O animal que negou o instinto segue depravado.
O que o distingue, não isso de ser pensativo,
mas o usar-se da liberdade, se ainda não se vê privado,
da vontade, tamanha falta ao prazer é cansativo.
Cativo em sua concha, com a inércia do sentimento,
lúgubre tormento causa a alma do homem verdadeiro.
Parceiro na fruição, benfazejo é o auxílio primeiro
para quem se queixa de tamanha preda, pensamento
[afunda e erra]
tímido em meio ao selvagem assustado; coragem no brado!
forte célere age por impulso, sem o infortúnio do obtuso
meio que erra o alvo colimado, acertando a qualquer obstruso
intruso, patife de pérfide marca maior, com seus asseclas obstinados,
egos, que até acredito equivocado sincero, que nada! um perverso,
que não faz as vezes dela, velho e morto nas calças; tão diverso:
é Eros que corre célere e pelas montanhas as escarpas inflama,
com o terror emanado de seu verso.
O que o distingue, não isso de ser pensativo,
mas o usar-se da liberdade, se ainda não se vê privado,
da vontade, tamanha falta ao prazer é cansativo.
Cativo em sua concha, com a inércia do sentimento,
lúgubre tormento causa a alma do homem verdadeiro.
Parceiro na fruição, benfazejo é o auxílio primeiro
para quem se queixa de tamanha preda, pensamento
[afunda e erra]
tímido em meio ao selvagem assustado; coragem no brado!
forte célere age por impulso, sem o infortúnio do obtuso
meio que erra o alvo colimado, acertando a qualquer obstruso
intruso, patife de pérfide marca maior, com seus asseclas obstinados,
egos, que até acredito equivocado sincero, que nada! um perverso,
que não faz as vezes dela, velho e morto nas calças; tão diverso:
é Eros que corre célere e pelas montanhas as escarpas inflama,
com o terror emanado de seu verso.
Se não propicias
Se me recusas a fertilidade,
a sinceridade tua umidade,
que lhe propicia as partes,
não tenho eu de me dedicar
ao pensar, ao discurso,
em suma, ao trabalho,
labor infame e diário?
Ou teria eu de buscar
a isso em outra?
Como na helena terra,
a negação da fertilidade
do árido solo montanhoso,
faz desenvolver o espírito,
bravio, forte e até jocoso,
quando troça de um perito.
a sinceridade tua umidade,
que lhe propicia as partes,
não tenho eu de me dedicar
ao pensar, ao discurso,
em suma, ao trabalho,
labor infame e diário?
Ou teria eu de buscar
a isso em outra?
Como na helena terra,
a negação da fertilidade
do árido solo montanhoso,
faz desenvolver o espírito,
bravio, forte e até jocoso,
quando troça de um perito.
sábado, 22 de novembro de 2008
O não perdeu, em vão pediu
"Onde o Homem não está,
a natureza é estéril".
a natureza é estéril".
[Eis, então, que:
Na senda da confusão minha alma dourada reta reboa
outrora dócil em seu manto roxo, nas veredas da paz;
ora inquieta, trilha a via que a conduz a tumba e jaz,
cinza, enegrecendo os ossos até que silente lhe roa
os corpúsculos irrequietos que aos mortos transformam
do justo homem na casa materna tornando opaco
os olhos sorridentes e a boca macilenta retornam
para desespero daquelas, embora não o soubessem fraco
ignoravam que o seu fim devia-se a má dona
que na covardia de sua realeza fora fraca e tola
e em sua renúncia fez-se da coroa indigna madona
descoraçada e atordoada, no lamaçal, ela frívola
chafurdou atoleimada, eivada no seio da inação,
à natureza divina, após o amante morto, em vão,
[implorou o perdão.
Na senda da confusão minha alma dourada reta reboa
outrora dócil em seu manto roxo, nas veredas da paz;
ora inquieta, trilha a via que a conduz a tumba e jaz,
cinza, enegrecendo os ossos até que silente lhe roa
os corpúsculos irrequietos que aos mortos transformam
do justo homem na casa materna tornando opaco
os olhos sorridentes e a boca macilenta retornam
para desespero daquelas, embora não o soubessem fraco
ignoravam que o seu fim devia-se a má dona
que na covardia de sua realeza fora fraca e tola
e em sua renúncia fez-se da coroa indigna madona
descoraçada e atordoada, no lamaçal, ela frívola
chafurdou atoleimada, eivada no seio da inação,
à natureza divina, após o amante morto, em vão,
[implorou o perdão.
Sábado, 22 de novembro de 2008;
[13:48/13:51]
[13:48/13:51]
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Horizonte
"Torna-te o que tu és"
Eu sou o que sei.
de ti e de mim...
de outrem;
o que não sei,
e o que esqueci [?]
"Procurei-te em mim,
encontrei-me em ti".
Horizonte que se me expande.
de ti e de mim...
de outrem;
o que não sei,
e o que esqueci [?]
"Procurei-te em mim,
encontrei-me em ti".
Horizonte que se me expande.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Iniciação - Eros e Psique (PESSOA)
O cúmulo da realidade conforme a rima,
mais que isso a realidade mesma
não consente.
mais que isso a realidade mesma
não consente.
Não dormes sob os ciprestes, /
Pois não há sono no mundo. /
...... /
O corpo é a sombra das vestes /
Que encobrem o teu ser profundo. /
Vem a noite, que é a morte, /
E a sombra acabou sem ser. /
Vais na noite só recorte, /
Igual a ti sem querer. /
Mas na Estalagem do Assombro /
Tiram-te os Anjos a capa. /
Segues sem capa no ombro, /
Com o pouco que te tapa. /
Então Arcanjos da Estrada /
Despem-te e deixam-te nu. /
Não te vestes, não tens nada: /
Tens só teu corpo, que és tu. /
Por fim, na funda caverna, /
Os Deuses despem-te mais. /
Teu corpo cessa, alma externa, /
Mas vês que são teus iguais. /
...... /
A sombra das tuas vestes /
Ficou entre nós na Sorte. /
Não ´stá morto, entre ciprestes. /
...... /
Neófito, não há morte. /
domingo, 16 de novembro de 2008
Tautologia
Deus é.
A vida é.
Deus é vida.
Energia sutil,
pura e forte.
Caminho lunar:
a vida humana.
Caminho solar:
sabedoria divina.
Amor, calor e luz universal.
O tolo não percebe
a analogia.
No homem:
A imagem é a vida.
A semelhança, a inteligência.
Limitante é a demência
do antropomorfismo.
A vida é.
Deus é vida.
Energia sutil,
pura e forte.
Caminho lunar:
a vida humana.
Caminho solar:
sabedoria divina.
Amor, calor e luz universal.
O tolo não percebe
a analogia.
No homem:
A imagem é a vida.
A semelhança, a inteligência.
Limitante é a demência
do antropomorfismo.
A fauna é feroz
I
Vimo-nos olhos nos olhos,
olhos nús, a inebriante luz,
vinha de ti a mim e a ti
voltava nos fluidos oléos,
do aloés à mirra, a azáfama
de gritos nos ritos instintos,
incendiava o ritmo o ímpeto
na cena que era de um fogo
em luz pálida e, na voz atroz
fez-se do tráfico dos gozos
o tráfego cósmico do comércio
na via lúbrica e espiralada,
pela qual subias e a descias
docemente desvairada
o augido abismo da torre
de prata donde vias em ti
e sobre ti vibrar no porre
do brilho metálico regular,
a chuva de prata a inundar
dês a ponta do dedo anelar
pós todo o jardim adentrar
dos pés ao alto do edifício
monumental estátua de
mármore em movimento
natural cinzelada perfeita
e eu, um outro que tal,
destinado ao porto breve
onde resido qual uma nau
tua bandeira a coroar pau
cego do ciclope a forja acesa
portador do fogo dentre
as pernas toca o ventre
odorífera represa que
o vermelho e o branco
liberam na corrente
viva e funérea que
retesa e insufla
a nobre vela.
II
os olhos vinham de baixo
e subiam pela esquina de
aquela vinha, nem sei de
onde vinha, como ela de
ninguém mais viria a ser
tão rica, saborosa, erradia,
ao pé da selva tocata a magia
ao pé do coração a taquicardia
no alarido louco da visão se ria
esconrregadia a noite vinha
para engolfar o dia e esplodir
o branco da fotografia,
no delírio lúbrico, cálido
e espiralado, onde torna
a ti o ser alado, no tumulto
de formas incertas com os
dedos na meta a iniciar
os movimentos insignes
que ao mastro sustenia ereto
onde via direto, claro e certo
o movimento secreto de tuas
ancas nuas nas mãos minhas,
a percorrer a silhueta de suas
ruelas e vias, viés do continente
achado e perdido naquela
chama forte, multiforme e
tremulante, delírio perene
se ama, baila e cavalga louca
até que me derrame todo
e escorra por teu corpo
de entre a fresta, uma,
duas, o teu rijo e possesso
corpo na delícia do acesso,
rouca, sem a voz, trinava
tal canora ave ou címbalo
de prata, na dimensão
metálica do animal belo
jardim de cordas retesadas
de um pesado violoncelo,
velócino de ouro perdido,
e achado por um bandido,
que te retém infame, refém,
frente a quem não gozas...
III
Mas, diante o teu possesso
descompassado, o coração
aos altos e baixos, planalto
sucede ao vale e a planície
que antecede o novo início,
fim de gozar em teus seios,
os mais belos que já vi
e não vi...
IV
Não não vira, ainda,
pois não me cansei,
do teu rosto, não me dás
o descanso, desde que
inda vivi tão pouco de ti,
e ao menor indício, aos
sobressaltos, refaz-se o
planalto, píncaro do...
V
do desejo, novamente,
de um ponto a outro de
teu corpo ligar e que não
tardava um segundo pleno,
mui ciente do desejo de
deitar-lhe no corpo rente
ou em tua boca pérolas
com as quais à natureza
se coroa, inda que nalma
o desejo de mais dentro
roa, roa, roa e não voa
a columba dês que finda
mas não cessa a lauta dança
a seguir o trilho que é o ritmo
marcado pela baqueta sobre
que te lanças a dançar
embolia mística entrópica,
dança catártica da vida
que ao som dos ditirambos
surdos do coração se expandia
e que no corpo exalava o suor
melodioso e insidioso pelas
vias em que te respirava
rente as esferas macilentas
de teus seios em que tocava
com palmas das mãos, segura
baliza incerta no marulho
do mar que não deixava
o marinheiro mareado,
embora alheado de si
e nela entregue na sinfônia
do corpo que em suor e gozo
desfazia, química dos sólidos
que sutilizam e dos pesos
os corpos aliviam, sentia
ela no hálito quente da
boca que salivava a alva
do novo apogeu que se
inicia, não havia entropia
que chegasse para apartar
os corpos que entrelaçados
viam-se novamente em
movimentos ritmados
dês que um ao outro
já se de há muito sabiam,
e de tanto saber-se que
bem se saiam entornava
em círculos ao clitóris...
VI
De assalto por trás tomava-te
no ribombar rápido fremente,
já demente sem o pensamento
que maravilha, nirvana alçado,
atinge através dafresta úmida
e barulhenta, ora rápida moção
ora lenta igual a respiração
com movimentos que não
cessavam e na vertigem
que a alma enlanguece
tece e destece o seu tear
no próximo prelúdio que
antecipa, e não será decerto
o último, dês que atônita
a ela confessa quase satisfeita,
ilusão, pois quando refeita,
torna a ele torna como quem
com o olhar confessa digna a
idade em que o querer é
de querer toda afinidade
daquela, só ela é capaz
de no ápice da tensão ser
atenta para a comunhão
do corpo com o sentir e
imaginar, e fala palavras
de alto calão ao fim do
dístico do duplo insano
movimento linguístico;
VII
O ébrio corpo não fatigou
e ávida quisera mais a ele,
e tornou a tomar-lhe o que
a animou deveras; vivazes
seus olhos eram como das
esferas coroadas pelo brilho
do sol acumulado em eras
o que não se podia precisar
em quantidade, apenas em
na direção, pois navegar é
preciso pois quem se guia
por estrelas fixas decerto
que chega pelo fogo delas
ao porto de seus anelos;
suas centelhas a animar
as esferas rubis do rosto
nos diamantes do outro
repercutiam e novamente
as pérolas brancas verte
se as vir bem de perto,
nota que viver não é algo
preciso, dês que suas curvas
são como o delírio fugidio
onde perdido em ti a noção
de espaço me faltara, se
não fosse aquele beijo que
me animara a tempo de
possuir-te uma vez mais
ao rés do chão mordi tua
bochecha e prontamente
pedi perdão na procissão
da energia que da pelvis
a nuca pressagia o odor
do líquido em ebulição;
VIII
A rica alegria que havia
em teus olhos ao ver que
em sua direção se dirigia
o líquido quente e viscoso
em um só jorro, é infinda.
Tomara-me pelo cajado,
ao fazer ido e vindo descer
e estalar teus lábios...
ao redor do pênis como
criança sôfrega...
IX
e por mais que possuisse
o teu corpo possessivo no
instante do ato lúbrico ao
que mais ávida ficavas
ao que mais prazer te dava
se tuas unhas em meu
corpo fincavas sentia e
não o sentia tanto devido
a pressão que ao corpo
assomava no paradoxo
da dimensão brutal que
faltava na leveza do
teu corpo que partia,
ia até a lua e voltava,
quando parecia que
a órbita completa iria
não perfazer e se
trafegava por entre
estrelas que ao teu
ouvido sibilivam, eu,
então ao pleno gozo
retardava,
apenas para vê-la
satisfeita com plena
volta completa, dês
que voltava refeita e,
chamava-me ao ouvido
pelo meu nome
e dizia-me não haver
tido outro homem antes
de mim que a houvesse
visto dar a volta perfeita
ao cabo da desesperança
onde se perdiam as naus
na herança que o mar
reinvindicava e era devido,
tuas coxas nas minhas
se batiam compondo
de modo o mais formidável
a sonora luta de máquinas
infantes infames desafiando
a constituição atômica
no capítulo da vida
que exaltavamos ao
extremo e faziamos
da fraqueza da vida
o bailar sincopado e
forte impregnado
de força preternatural
para que não havia
limite ou termo que
se impusesse ao material:
nem sensível xoxota que
subira tão que na volta
do filme gravado
em um fio de diamante.
X
querer-se-iam matar
do modo mais belo e
ter uma morte gloriosa
entre um outro gozo mágico
a abstrair da morte
seu caráter trágico
e desejar fixar no gozo
do instante a memória
do presente na enternidade
distante pela qual
reviveriam e perdurariam
tal diamante
no emoldurado negativo
da maquinaria catártica
do um observador total
amante da bela arte dos
corpos que criou para
o seu deleite
e que quando dotou
o corpo do poderoso
leite jamais imaginou
o peso do atroz enfeite
da obra naqueles que
o sobrepujariam em
imaginação e na ânsia
torrida ganharam
a corrida eterna
chegando antes e
vendo a si congelados
no pleno instante
o corpo positivo
do filme gravado
em um fio de diamante.
Vimo-nos olhos nos olhos,
olhos nús, a inebriante luz,
vinha de ti a mim e a ti
voltava nos fluidos oléos,
do aloés à mirra, a azáfama
de gritos nos ritos instintos,
incendiava o ritmo o ímpeto
na cena que era de um fogo
em luz pálida e, na voz atroz
fez-se do tráfico dos gozos
o tráfego cósmico do comércio
na via lúbrica e espiralada,
pela qual subias e a descias
docemente desvairada
o augido abismo da torre
de prata donde vias em ti
e sobre ti vibrar no porre
do brilho metálico regular,
a chuva de prata a inundar
dês a ponta do dedo anelar
pós todo o jardim adentrar
dos pés ao alto do edifício
monumental estátua de
mármore em movimento
natural cinzelada perfeita
e eu, um outro que tal,
destinado ao porto breve
onde resido qual uma nau
tua bandeira a coroar pau
cego do ciclope a forja acesa
portador do fogo dentre
as pernas toca o ventre
odorífera represa que
o vermelho e o branco
liberam na corrente
viva e funérea que
retesa e insufla
a nobre vela.
II
os olhos vinham de baixo
e subiam pela esquina de
aquela vinha, nem sei de
onde vinha, como ela de
ninguém mais viria a ser
tão rica, saborosa, erradia,
ao pé da selva tocata a magia
ao pé do coração a taquicardia
no alarido louco da visão se ria
esconrregadia a noite vinha
para engolfar o dia e esplodir
o branco da fotografia,
no delírio lúbrico, cálido
e espiralado, onde torna
a ti o ser alado, no tumulto
de formas incertas com os
dedos na meta a iniciar
os movimentos insignes
que ao mastro sustenia ereto
onde via direto, claro e certo
o movimento secreto de tuas
ancas nuas nas mãos minhas,
a percorrer a silhueta de suas
ruelas e vias, viés do continente
achado e perdido naquela
chama forte, multiforme e
tremulante, delírio perene
se ama, baila e cavalga louca
até que me derrame todo
e escorra por teu corpo
de entre a fresta, uma,
duas, o teu rijo e possesso
corpo na delícia do acesso,
rouca, sem a voz, trinava
tal canora ave ou címbalo
de prata, na dimensão
metálica do animal belo
jardim de cordas retesadas
de um pesado violoncelo,
velócino de ouro perdido,
e achado por um bandido,
que te retém infame, refém,
frente a quem não gozas...
III
Mas, diante o teu possesso
descompassado, o coração
aos altos e baixos, planalto
sucede ao vale e a planície
que antecede o novo início,
fim de gozar em teus seios,
os mais belos que já vi
e não vi...
IV
Não não vira, ainda,
pois não me cansei,
do teu rosto, não me dás
o descanso, desde que
inda vivi tão pouco de ti,
e ao menor indício, aos
sobressaltos, refaz-se o
planalto, píncaro do...
V
do desejo, novamente,
de um ponto a outro de
teu corpo ligar e que não
tardava um segundo pleno,
mui ciente do desejo de
deitar-lhe no corpo rente
ou em tua boca pérolas
com as quais à natureza
se coroa, inda que nalma
o desejo de mais dentro
roa, roa, roa e não voa
a columba dês que finda
mas não cessa a lauta dança
a seguir o trilho que é o ritmo
marcado pela baqueta sobre
que te lanças a dançar
embolia mística entrópica,
dança catártica da vida
que ao som dos ditirambos
surdos do coração se expandia
e que no corpo exalava o suor
melodioso e insidioso pelas
vias em que te respirava
rente as esferas macilentas
de teus seios em que tocava
com palmas das mãos, segura
baliza incerta no marulho
do mar que não deixava
o marinheiro mareado,
embora alheado de si
e nela entregue na sinfônia
do corpo que em suor e gozo
desfazia, química dos sólidos
que sutilizam e dos pesos
os corpos aliviam, sentia
ela no hálito quente da
boca que salivava a alva
do novo apogeu que se
inicia, não havia entropia
que chegasse para apartar
os corpos que entrelaçados
viam-se novamente em
movimentos ritmados
dês que um ao outro
já se de há muito sabiam,
e de tanto saber-se que
bem se saiam entornava
em círculos ao clitóris...
VI
De assalto por trás tomava-te
no ribombar rápido fremente,
já demente sem o pensamento
que maravilha, nirvana alçado,
atinge através dafresta úmida
e barulhenta, ora rápida moção
ora lenta igual a respiração
com movimentos que não
cessavam e na vertigem
que a alma enlanguece
tece e destece o seu tear
no próximo prelúdio que
antecipa, e não será decerto
o último, dês que atônita
a ela confessa quase satisfeita,
ilusão, pois quando refeita,
torna a ele torna como quem
com o olhar confessa digna a
idade em que o querer é
de querer toda afinidade
daquela, só ela é capaz
de no ápice da tensão ser
atenta para a comunhão
do corpo com o sentir e
imaginar, e fala palavras
de alto calão ao fim do
dístico do duplo insano
movimento linguístico;
VII
O ébrio corpo não fatigou
e ávida quisera mais a ele,
e tornou a tomar-lhe o que
a animou deveras; vivazes
seus olhos eram como das
esferas coroadas pelo brilho
do sol acumulado em eras
o que não se podia precisar
em quantidade, apenas em
na direção, pois navegar é
preciso pois quem se guia
por estrelas fixas decerto
que chega pelo fogo delas
ao porto de seus anelos;
suas centelhas a animar
as esferas rubis do rosto
nos diamantes do outro
repercutiam e novamente
as pérolas brancas verte
se as vir bem de perto,
nota que viver não é algo
preciso, dês que suas curvas
são como o delírio fugidio
onde perdido em ti a noção
de espaço me faltara, se
não fosse aquele beijo que
me animara a tempo de
possuir-te uma vez mais
ao rés do chão mordi tua
bochecha e prontamente
pedi perdão na procissão
da energia que da pelvis
a nuca pressagia o odor
do líquido em ebulição;
VIII
A rica alegria que havia
em teus olhos ao ver que
em sua direção se dirigia
o líquido quente e viscoso
em um só jorro, é infinda.
Tomara-me pelo cajado,
ao fazer ido e vindo descer
e estalar teus lábios...
ao redor do pênis como
criança sôfrega...
IX
e por mais que possuisse
o teu corpo possessivo no
instante do ato lúbrico ao
que mais ávida ficavas
ao que mais prazer te dava
se tuas unhas em meu
corpo fincavas sentia e
não o sentia tanto devido
a pressão que ao corpo
assomava no paradoxo
da dimensão brutal que
faltava na leveza do
teu corpo que partia,
ia até a lua e voltava,
quando parecia que
a órbita completa iria
não perfazer e se
trafegava por entre
estrelas que ao teu
ouvido sibilivam, eu,
então ao pleno gozo
retardava,
apenas para vê-la
satisfeita com plena
volta completa, dês
que voltava refeita e,
chamava-me ao ouvido
pelo meu nome
e dizia-me não haver
tido outro homem antes
de mim que a houvesse
visto dar a volta perfeita
ao cabo da desesperança
onde se perdiam as naus
na herança que o mar
reinvindicava e era devido,
tuas coxas nas minhas
se batiam compondo
de modo o mais formidável
a sonora luta de máquinas
infantes infames desafiando
a constituição atômica
no capítulo da vida
que exaltavamos ao
extremo e faziamos
da fraqueza da vida
o bailar sincopado e
forte impregnado
de força preternatural
para que não havia
limite ou termo que
se impusesse ao material:
nem sensível xoxota que
subira tão que na volta
do filme gravado
em um fio de diamante.
X
querer-se-iam matar
do modo mais belo e
ter uma morte gloriosa
entre um outro gozo mágico
a abstrair da morte
seu caráter trágico
e desejar fixar no gozo
do instante a memória
do presente na enternidade
distante pela qual
reviveriam e perdurariam
tal diamante
no emoldurado negativo
da maquinaria catártica
do um observador total
amante da bela arte dos
corpos que criou para
o seu deleite
e que quando dotou
o corpo do poderoso
leite jamais imaginou
o peso do atroz enfeite
da obra naqueles que
o sobrepujariam em
imaginação e na ânsia
torrida ganharam
a corrida eterna
chegando antes e
vendo a si congelados
no pleno instante
o corpo positivo
do filme gravado
em um fio de diamante.
sábado, 15 de novembro de 2008
Aforismo
Virtude de espíritos fortes: obstinação
e teimosia na ausência de destinação,
diante vício e convicção, Aleivosia.
e teimosia na ausência de destinação,
diante vício e convicção, Aleivosia.
Réquiem para meu pai III
A propósito da possibilidade de presenciar a...
e a translocação dos restos mortais de meu pai.
Após conversar amenidades é que tocamos no assunto.
Uma pergunta, porém, deixou-me aturdido.
Quando se quer que uma frase diga tudo, não me iludo.
Mesmo um colecionador de citações, deve deixar o dito,
pelo não-dito, quando a propósito da lápide, o que se pede
é a eternidade do escrito em confluência a brevidade do vivido.
A questão logo transfigurou-se em: o que de meu pai levo na alma;
Isso se deu às oito da manhã de um domingo, casa de minha avó.
Então, fui direto ao ponto: as experiências mais marcantes
antes do crepúsculo que antecede a aurora memoriosa,
assim raiou:
O teimoso pai fora aplacado pelo peso da medicação.
A insuficiência hepática (uma das causae mortis)
não lhe permitira depurar os efeitos nocivos da droga,
pois todo remédio para algo torna-se veneno para o todo.
Assim entrara em coma.
Como o soubera, foi um drama.
Bateram-me a porta figuras estranhas, femininas.
Boas notícias, desde logo, soube que não eram.
Do modo desajeitado muita dor trouxeram.
Se deuses não são, no prognóstico erram.
Desiludiram-me da possibilidade de melhora.
Pensei que era o crepúsculo, porém isso é o contexto.
Havia rendido mãe e irmã e ficara com o "moribundo",
toda a noite houvera-me impressionado a disritmia
do eletrocardiograma.
Eram planícies, planaltos do vale,
platôs e bips.
Haveria de ficar impregnado pela desarmonia
inda dois dias.
O dia iria raiar, já tentara dormia ao rés do chão frio.
Lera Platão para compensar a vaga do vazio,
mas interpretava o que lia sob um viés insano.
O dia iria raiar, e alguns movimentos lá fora,
fora do apartamento em que estava internado,
foram seguidos por algo que parecia uma melhora
no quadro que outrora me assustara:
como pode um coração assim manter-se vivo.
Enquanto dura o apego dura a vida.
O dia raiara e alguns movimentos me levaram
a examiná-lo mais de perto.
Levantei, fui bem perto, sentei-me.
Pouco depois pude ouvir um ruído de lábio contrito.
Irrompera o silêncio um grito: pedia-se a atenção dos arquétipos.
"Moça"!
Isto é, enfermeira, mãe, mulher... Nossa Senhora!?
Seguido de:
"Jesus Cristo"!
Essas coisas repetidas muitas vezes.
"Moça, meu deus,
Jesus Cristo"!
Isso quem repetia, como se mais palavras
não houvessem, era um "materialista histórico",
"dialético", supostamente irreligioso,
o que minha avó materna tomava por ateu,
pois que questionara as figuras acima ditas.
Para ele tudo era uma questão política,
ópio frente as condições materiais da existência.
Essas palavras se repetiam e de um modo insano
aos meus tímpanos feriam.
"Socorro"!
"Moça", aqui tratar-se-ia da enfermeira,
se não fosse o: "Meu deus, socorro, nossa..."
O que ele via?
O nada?
A completa falta de forma e representação?
O que são nomes? Arquétipos das coisas?
Aproximara-me hesitante.
O cheiro de morte que exalava do hálito
devia-se a falta de alimento que produz
certa enzima na falta;
a boca cortada de quem muitas vezes se mordera.
DOR!
"Pai, pai, estou aqui" - a princípio não ouvia.
"Jesus, Jesus, cadê... moça"!
"Puta que pariu, cadê a moça"?
"Pai, estou aqui... seu filho, acalme-se" - debatia-se.
Insisti muito, o processo gradual e lento do despertar
da consciência.
Com um tempo: "Chame a moça... água".
Busquei a dar-lhe, todo o seu corpo doia,
dobrar-lhe o corpo para sentar, odisséia,
o copo de plástico rangia a boca como lixa.
"Ai"!
A água no estômago vazio doia-lhe?
"Cadê a moça, tirem-me daqui" - pegou no fio do eletro,
queria arrancar.
"Deixe isso, pai", "escute-me, sou eu seu... Filho".
"Quem"?
"... Filho, mamãe irá vir, R... também, acalme-se",
"agitado assim não pode ficar" - apenas falava.
"Quem é você"?
"Seu filho, não me reconhece" - perguntei, ao que parou.
"Vá chamar alguém".
"Não há ninguém, antes das seis ninguém haverá além de mim".
"Quem é que está ai"?
"Seu filho" - caramba isso era como não ser o que sou.
"Meu filho?, meu filho?"
"Sim, pai".
"Meu filho, está aqui"? - senti-o envergonhar-se.
"Quer mais água, pai"?
"Sim, quero" - inclinei-o novamente.
"Minhas pernas doem" - disse.
Massageei-as, dobrando, a paralisia... doia.
"Meu filho, meu filho, está comigo".
"Onde está... tal"? - companheiro de quarto.
"Não há ninguém além de nós" - respondi.
...
"Meu filho, leia para mim, onde estão meus livros,
tem um consigo"? - respondi-lhe afirmativamente.
"Leia para mim, leia algo" - abri o livro a esmo (República).
Era o mito das três eras, ou das três raças... houve frisson.
A estória versa sobre a idade de ouro, idade dos deuses,
os deuses não se apercebiam dos homens, fartura e abundância...
Sucedera-lhe a idade de prata, semi-deuses,
que pela incontinência ou desmedida (hybris),
abandonaram o culto e o respeito, declínio:
a idade de bronze, era de heróis:
um Zeus, dois Prometeu, três Hércules.
Aquilo dizia muito,
noutro contexto talvez nada dissesse.
Lágrimas aos olhos, voz embargada
nas últimas linhas.
Os olhos de meu pai cegos a fitar o nada
também brilhavam.
"Filho"?
"Estou aqui, não me vês"?
"Não vejo nada, que coisa bonita".
Logo quis saber o que lhe sucedera.
Reconstituiu tudo de memória,
até o fio falhar, até uma sexta-feira,
quando lera o jornal a vez derradeira.
Era-lhe imprecindível saber a quantas
perdera o fio da consciência, repetiu,
e repetiu, havia um lapso, isso lhe oprimia,
era-lhe insuportável.
Tentei acalmá-lo, complementando-lhe
com o que pouco ou nada sabia, até que
tudo fez sentido e disse:
"Quiseram me matar".
Lembro que mês antes de falecer
ao encontramos-nos de quando em quando,
falara de sua idéia de monografia de conclusão
do curso de filosofia, tema: religião.
Problema: a concepção do deus vingativo e ciumento
no Antigo Testamento.
Pedira-me que o ajudasse.
Eu sempre absorvido em meus projetos,
ficara surpreso com aquilo, não surpreso
pelo que era um historiador.
Um mês antes, com o tio que fora o ensejo da conversa,
houvera confessado a fraqueza, entregara os pontos.
"Naquele momento ele jogou a toalha"
- confessou-me o que sentira.
Disse-me a ele que já vivera muito,
já vivera tudo o que houvera de viver,
seus filhos se encaminhavam para a vida,
haveria de levar no peito certa leveza;
a sua lucidez me insultava.
Não é que detestasse a vida e desejasse a morte,
a vida tornara-lhe um fardo pesado demais
a carregar, a morto tornara-se oblívio das dores.
Lembro de uma foto sua no calçadão de Copacabana...
Ganhar peso era sua obsessão,
pois desde a diabetes (causae mortis),
só o perdera.
A lúcida luz da morte.
Do dia em que "entregou os pontos"
até a morte contaram-se trinta dias.
Uma semana antes, bebericava
(causae mortis) escondido,
pela casa de minha avó,
madrugada a dentro,
rigor de insônia
compartilhada
por ela,
a própria personificação da natureza
que vivera para enterrar seus filhos.
Levaria de meu pai,
a vida adentro, três preceitos:
"Aprender com o erros dos outros,
é preferível a aprender com os próprios".
"Faça o que digo, não o que faço" - ironia.
"És responsável por aquele que cativas".
Muitas memórias de ele vivo,
em um jardim florido com minha irmã
ao colo, ambos descabelados...
Peixes, livros, vida e obra.
Flores, pássaros, a vida cobra.
O silêncio lá fora e na alma a ausência
de sentido às brigas que na natureza
das idades aflora, instantes de vida postergada.
Ausência de sentido - remendo e desatino.
[...]
e a translocação dos restos mortais de meu pai.
Após conversar amenidades é que tocamos no assunto.
Uma pergunta, porém, deixou-me aturdido.
Quando se quer que uma frase diga tudo, não me iludo.
Mesmo um colecionador de citações, deve deixar o dito,
pelo não-dito, quando a propósito da lápide, o que se pede
é a eternidade do escrito em confluência a brevidade do vivido.
A questão logo transfigurou-se em: o que de meu pai levo na alma;
Isso se deu às oito da manhã de um domingo, casa de minha avó.
Então, fui direto ao ponto: as experiências mais marcantes
antes do crepúsculo que antecede a aurora memoriosa,
assim raiou:
O teimoso pai fora aplacado pelo peso da medicação.
A insuficiência hepática (uma das causae mortis)
não lhe permitira depurar os efeitos nocivos da droga,
pois todo remédio para algo torna-se veneno para o todo.
Assim entrara em coma.
Como o soubera, foi um drama.
Bateram-me a porta figuras estranhas, femininas.
Boas notícias, desde logo, soube que não eram.
Do modo desajeitado muita dor trouxeram.
Se deuses não são, no prognóstico erram.
Desiludiram-me da possibilidade de melhora.
Pensei que era o crepúsculo, porém isso é o contexto.
Havia rendido mãe e irmã e ficara com o "moribundo",
toda a noite houvera-me impressionado a disritmia
do eletrocardiograma.
Eram planícies, planaltos do vale,
platôs e bips.
Haveria de ficar impregnado pela desarmonia
inda dois dias.
O dia iria raiar, já tentara dormia ao rés do chão frio.
Lera Platão para compensar a vaga do vazio,
mas interpretava o que lia sob um viés insano.
O dia iria raiar, e alguns movimentos lá fora,
fora do apartamento em que estava internado,
foram seguidos por algo que parecia uma melhora
no quadro que outrora me assustara:
como pode um coração assim manter-se vivo.
Enquanto dura o apego dura a vida.
O dia raiara e alguns movimentos me levaram
a examiná-lo mais de perto.
Levantei, fui bem perto, sentei-me.
Pouco depois pude ouvir um ruído de lábio contrito.
Irrompera o silêncio um grito: pedia-se a atenção dos arquétipos.
"Moça"!
Isto é, enfermeira, mãe, mulher... Nossa Senhora!?
Seguido de:
"Jesus Cristo"!
Essas coisas repetidas muitas vezes.
"Moça, meu deus,
Jesus Cristo"!
Isso quem repetia, como se mais palavras
não houvessem, era um "materialista histórico",
"dialético", supostamente irreligioso,
o que minha avó materna tomava por ateu,
pois que questionara as figuras acima ditas.
Para ele tudo era uma questão política,
ópio frente as condições materiais da existência.
Essas palavras se repetiam e de um modo insano
aos meus tímpanos feriam.
"Socorro"!
"Moça", aqui tratar-se-ia da enfermeira,
se não fosse o: "Meu deus, socorro, nossa..."
O que ele via?
O nada?
A completa falta de forma e representação?
O que são nomes? Arquétipos das coisas?
Aproximara-me hesitante.
O cheiro de morte que exalava do hálito
devia-se a falta de alimento que produz
certa enzima na falta;
a boca cortada de quem muitas vezes se mordera.
DOR!
"Pai, pai, estou aqui" - a princípio não ouvia.
"Jesus, Jesus, cadê... moça"!
"Puta que pariu, cadê a moça"?
"Pai, estou aqui... seu filho, acalme-se" - debatia-se.
Insisti muito, o processo gradual e lento do despertar
da consciência.
Com um tempo: "Chame a moça... água".
Busquei a dar-lhe, todo o seu corpo doia,
dobrar-lhe o corpo para sentar, odisséia,
o copo de plástico rangia a boca como lixa.
"Ai"!
A água no estômago vazio doia-lhe?
"Cadê a moça, tirem-me daqui" - pegou no fio do eletro,
queria arrancar.
"Deixe isso, pai", "escute-me, sou eu seu... Filho".
"Quem"?
"... Filho, mamãe irá vir, R... também, acalme-se",
"agitado assim não pode ficar" - apenas falava.
"Quem é você"?
"Seu filho, não me reconhece" - perguntei, ao que parou.
"Vá chamar alguém".
"Não há ninguém, antes das seis ninguém haverá além de mim".
"Quem é que está ai"?
"Seu filho" - caramba isso era como não ser o que sou.
"Meu filho?, meu filho?"
"Sim, pai".
"Meu filho, está aqui"? - senti-o envergonhar-se.
"Quer mais água, pai"?
"Sim, quero" - inclinei-o novamente.
"Minhas pernas doem" - disse.
Massageei-as, dobrando, a paralisia... doia.
"Meu filho, meu filho, está comigo".
"Onde está... tal"? - companheiro de quarto.
"Não há ninguém além de nós" - respondi.
...
"Meu filho, leia para mim, onde estão meus livros,
tem um consigo"? - respondi-lhe afirmativamente.
"Leia para mim, leia algo" - abri o livro a esmo (República).
Era o mito das três eras, ou das três raças... houve frisson.
A estória versa sobre a idade de ouro, idade dos deuses,
os deuses não se apercebiam dos homens, fartura e abundância...
Sucedera-lhe a idade de prata, semi-deuses,
que pela incontinência ou desmedida (hybris),
abandonaram o culto e o respeito, declínio:
a idade de bronze, era de heróis:
um Zeus, dois Prometeu, três Hércules.
Aquilo dizia muito,
noutro contexto talvez nada dissesse.
Lágrimas aos olhos, voz embargada
nas últimas linhas.
Os olhos de meu pai cegos a fitar o nada
também brilhavam.
"Filho"?
"Estou aqui, não me vês"?
"Não vejo nada, que coisa bonita".
Logo quis saber o que lhe sucedera.
Reconstituiu tudo de memória,
até o fio falhar, até uma sexta-feira,
quando lera o jornal a vez derradeira.
Era-lhe imprecindível saber a quantas
perdera o fio da consciência, repetiu,
e repetiu, havia um lapso, isso lhe oprimia,
era-lhe insuportável.
Tentei acalmá-lo, complementando-lhe
com o que pouco ou nada sabia, até que
tudo fez sentido e disse:
"Quiseram me matar".
Lembro que mês antes de falecer
ao encontramos-nos de quando em quando,
falara de sua idéia de monografia de conclusão
do curso de filosofia, tema: religião.
Problema: a concepção do deus vingativo e ciumento
no Antigo Testamento.
Pedira-me que o ajudasse.
Eu sempre absorvido em meus projetos,
ficara surpreso com aquilo, não surpreso
pelo que era um historiador.
Um mês antes, com o tio que fora o ensejo da conversa,
houvera confessado a fraqueza, entregara os pontos.
"Naquele momento ele jogou a toalha"
- confessou-me o que sentira.
Disse-me a ele que já vivera muito,
já vivera tudo o que houvera de viver,
seus filhos se encaminhavam para a vida,
haveria de levar no peito certa leveza;
a sua lucidez me insultava.
Não é que detestasse a vida e desejasse a morte,
a vida tornara-lhe um fardo pesado demais
a carregar, a morto tornara-se oblívio das dores.
Lembro de uma foto sua no calçadão de Copacabana...
Ganhar peso era sua obsessão,
pois desde a diabetes (causae mortis),
só o perdera.
A lúcida luz da morte.
Do dia em que "entregou os pontos"
até a morte contaram-se trinta dias.
Uma semana antes, bebericava
(causae mortis) escondido,
pela casa de minha avó,
madrugada a dentro,
rigor de insônia
compartilhada
por ela,
a própria personificação da natureza
que vivera para enterrar seus filhos.
Levaria de meu pai,
a vida adentro, três preceitos:
"Aprender com o erros dos outros,
é preferível a aprender com os próprios".
"Faça o que digo, não o que faço" - ironia.
"És responsável por aquele que cativas".
Muitas memórias de ele vivo,
em um jardim florido com minha irmã
ao colo, ambos descabelados...
Peixes, livros, vida e obra.
Flores, pássaros, a vida cobra.
O silêncio lá fora e na alma a ausência
de sentido às brigas que na natureza
das idades aflora, instantes de vida postergada.
Ausência de sentido - remendo e desatino.
[...]
domingo, 9 de novembro de 2008
Réquiem para meu pai II
*11.08.1961/+27.07.2006;
A propósito da possibilidade de presenciar a...
e a translocação dos restos mortais de meu pai.
Isso faz parte de uma crônica, o que não é hábito meu.
Crônica de uma infância sempiterna.
O corpo do meu pai que falecera aos vinte e sete...,
hoje soube, houvera sido exumado e transportado,
o que antes fazia e se era inumado, faixa acomoda
a face e sola, simulacro, sombra e duplo, no corpo,
horizontal e isento de sopro, sem luz e apartado,
mas não pude ir, se o soubesse iria, só para não fingir
que olhos não tenho e que por isso posso fugir
do convívio com que quer que seja,
ainda mais se é meu pai?
Não, é claro que não.
Ora, o que é, ei-lo:
A memória, a imortalidade de meus entes metafísicos.
Meu tio retirara seus restos mortais do jazigo familiar
removendo-o para outro ainda mais familiar e terreno:
Piancó, sertão da Paraíba, calor intenso e leve aceno.
O soube uma semana depois, dois anos e meio depois
do último aceno, se chorei, poucos o sabem irei contar:
foi ver minha avó aos prantos sobre o ataúde que
a terra iria tornar - a imagem própria da natureza
que recolhe seus filhos ao próprio seio terna fonte
da vida e de seu contrário, breve aparência.
Perdera, minha avó, coincidentemente os tios
que mais gostava, restou um dos que eram sete
e hoje são três, e que talvez goste porque mal
o conheça, andarilho que era.
Mas a conversa com a família de lado paterna
foi tranquila, e muito se o não disse, pois não
precisara, mas o relato do fim de vida de meu pai
a poucos daquele modo eu precisara.
Falei de impressões profundas que vão na alma
quando às suas não crenças e convicções renunciara
a mãe, ao pai e ao filho clamando.
Segue vivendo vivo em minha alma, meu pai,
parte com o eterno que é continuar
assim como em seus livros de síntese de história,
materialista dialética natureza da próprias história
que confundir-se-ia com a sua.
A memória vetusta, a memória.
Dizem que minha avó tem uma certa crônica moléstia
alemã se lhe diz o nome e manifesta a consciência
como falta de lucidez ou conexão.
Eu, particularmente, não o acho, ela mesma,
vejo quando se corrige no ato, e os chatos
são os velhos tão cansados de ser que só lhes
resta morrer como quem a terra chama.
Ela, terna, me reconheceu, e eu fui, enfim,
menos constrangido por não ter sido
reconhecido da penúltima vez.
Sabia que os semelhantes lá,
fariam-na lembrar as linhas convergentes
no rosto diligente de seu neto,
um tanto infame.
Difícil ter lá onde fora os dias findos,
que repercutem nos livros fundos e
profusos, alguns dos quais da autoria
dele, recuperei depois de tanto.
A frente da estante tão experimentada
e forçada sem a chave...
Pensei que
precisaria fazer aquele truque,
mas estava aberta...
Por um segundo lamentei que não fosse
preciso a astúcia.
Não é que vândalo o fosse
mas a sua sanha arquivista verdadeiramente
não tinha limite.
Sorrateira e materialmente,
surrupiou uma de minhas primeiras cartas
cujo conteúdo adolescente
que de modo eloquente e tolo
já dissertava sobre a paixão (11 anos).
Sentira-me ferido... em minha antes fortaleza
inexpugnável...
Assim como certo dia vi em círculos todos os meus
papéis ao chão, que coisa de curiosidade não sã,
deitava-se a saber do filho com que pouco
versava, malversava em frustração e brigas de um
tanto sempre falhas.
Lembro-me que digitava seus livros,
penas aos dedos, e que por cinco vezes
não me o pagara...
Mas que bobagem!
sábado, 8 de novembro de 2008
Angst
"Energia é eterna delícia".
Inexcedível em beleza
e fraca em vontade,
entrega seus desígnios
a outrem de mãos beijadas.
Evanescendo em ansiedade
e angústia (angst).
Bem ou Mal
"O Bem é o passivo que obedece a Razão.
O Mal é o ativo que surge da Energia"
O Mal é o ativo que surge da Energia"
Vão-se as naus com seus sumos degredos,
rumos incertos, pensamento e segredos...
rumo incerto das litanias tristes siderais.
"Vão-se os anéis ficam os dedos".
Isso mostra que o compromisso
futuro é falso frente ao presente
que é, enfim, o real.
Se por muito pouco tendes para mim
ou se menos e menor me considerais,
inda bem que não sabe e de todo eu
não disse, se incapaz dos olhos certos
tivesse e visse, saberia ao certo menos
senhora de si, pois a vontade é alheia.
Que se acha privilegiada, nariz e dedo
em riste, mas que coisa triste apontar
para o céu quando o céu em ti não há.
Distância glacial ignorante
do que é ser ao lado de um
que to permite luzir,
par alado,
lado a lado,
em costas,
calado.
Que nau é essa inflada,
que mesmo insuflada
por tempestuosa paixão
não se mexe nem age
atada em sua convicção?
Pia fraus
"Arre... estou farto de semi-deuses,
onde é que há gente no mundo?
Hipócritas, meus irmãos."
onde é que há gente no mundo?
Hipócritas, meus irmãos."
Arre, quanta frivolidade
esboçada por trás de
prolixidade.
O que palavras dizem
quando atos não acompanham?
Onde será que há honestidade
no mundo, senão no meu peito
para comigo?
Se apenas ai essa coisa encontra abrigo,
hesito e bailo eu no ar diante o perigo?
Eu não.
Nem no ar nem na terra revolunteio
nem água nem areia sobre os pés.
Triste é não saber o que és
e crer e teimar que se sabe.
Erra: pois dês criança teve
tudo como ampla megera -
romana senhora pior que fera
como nos circos consumada
ao sabor do sangue alheio.
Os fortes, pelo aparato de ser
como são, bela para mim em sonho
e vigília sincera nega tudo
nos movimentos sãos (pia fraus).
Mas não é que não era!
Re-presa
"Aquele que deseja
e não age
engendra a peste".
e não age
engendra a peste".
Quem não soube cultivar o desejo
refreia-se pois forte não é o ensejo.
Só o manancial que advém do sentir
direto e não indireto,
preenche a alma de anelo.
O medo é a fraqueza
do cálculo.
O fruir amplia o deleite.
A vazão do rio não é calculada
pela parede da represa.
refreia-se pois forte não é o ensejo.
Só o manancial que advém do sentir
direto e não indireto,
preenche a alma de anelo.
O medo é a fraqueza
do cálculo.
O fruir amplia o deleite.
A vazão do rio não é calculada
pela parede da represa.
sábado, 1 de novembro de 2008
De Eleita
"Um para mim vale por mil,
se for o melhor" -
Dignoscendis Pulsibus,
op. cit. Heraclito.
Silhueta silfíde os traços traz a fio envolta,se for o melhor" -
Dignoscendis Pulsibus,
op. cit. Heraclito.
macio e rijos na figura esbelta, desenvolta,
seios e pés magnificamente nús
fazem do calor fogo, então a luz
esguia como dos raios de sol que nos chega
deslumbra ao dia e a noite abranda a chaga
com o espetáculo e a constância
que escapa e aprofunda na ânsia
de que tudo isso se repita no dia seguinte,
pois de outro modo não alegraria sentinte
já que a houvera escolhido como emblema
vivo, porta-égide clara, belo sutil diadema
ave canora de voz rara o fluxo do rio pára;
águas sonoras que ao dorido coração sara.
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