domingo, 21 de março de 2010

Avenida

Livre da incoerência astral
sigo o tumulto das cores,
não reclamar é meu mal,
ser poeta e pintor de vitrais,
fazedor e vigia de catedrais.

Avesso a efêmeros rumores
gótico branco negro sideral;

- epótico vi o luto público
no amplo e pobre palco
ridículo dos maus atores;

mimar naufrágios e apoteoses,
e não ter daquelas dores
ou que denegar amores
ter de mim sadias overdoses,

quando falo do lampejo a dança
e doutro firmamento a pista
sei àquela rude nota do solfejo,
à forma vibro golpe de harpista,
sem ruínas ou degredo na vista.

Do alto justo da bela vingança
cinjo irascível o busto do desejo.

Faço da criação meu domicílio
isso desde que era aprendiz,
como modo eterno de ser feliz,
a rima não dorme sob o cílio:
a Vontade é manha do Destino.

Conduzo as rédeas por um triz -
corpo doura ereto em sol a pino,
alma queimo a fogo alvo,
a freira loura, meu puro desatino,
do agouro te mantém a salvo,
a Paris de hoje não é seu país.

F.'.

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