quinta-feira, 4 de março de 2010

Deserto e Infância

Durante milênios cantei a uma fria estrela
a esperança que ela um dia me devolvesse o canto.
Como tigre ansioso, qual não foi o meu espanto
sabê-la sôfrega sob o manto de uma criança!

Cruz a meu peito que furiosa crepita em chama,
sai em luz a perscrutar as pedras deste fiasco!
Por amor ao vasto espaço minha alma se derrama
como perfume que não se prende ao frasco...

Verti o ponto em linha, noite tornei dia, tudo fiz...
Subi a esteira de todos os olhares sobre o palco
para mendigar gestos nobres de um corpo opaco.

Entre o silêncio tosco de uma pálida atriz,
cega que com muda voz surda tateia,
vi cheia a lua envolta em glória alheia...

F.'.

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