Como alguém que busca revestir
O corpo com um manto falso,
O prosador lança mão do fausto,
Enfastiando em seu claustro,
Por tanto insistir na demência
De revestir o pleno em inocência
Com tudo aquilo que de si
Emprega mas que na coisa insiste em não existir.
Por não ver a coisa mesma,
Não sabe o que em si encerra
Ela em delícia.
Se não vê mais que espelho
Das imagens que lhe vão
Na mente insensível,
Tenta revestir a coisa do manto impossível,
De quantas coisas quanto nela não há.
Se lhe divisa no olhar tantas coisas alheias,
Todas as falsidades que em si há e pretende
Colar a coisa tantas coisas quanto nela não há.
Na ilusão oposta de afirmar a si mesmo
Com imagens suas por onde lá não está.
Aferroa o gado com o não-ser em brasa,
Cumulando-a de tudo aquilo que ela não é.
Se é que pode divisar o abismo insondável
Onde se deixa tragar no vórtice sincopado
E ritmado e centrípeto, é preciso ter-se perto
Para sentir se lhe a extensão do frêmito
A arrastar a vista dentro.
Na umidade ectipica de suas retinas,
Corpo regular prenunciador da aurora,
Propiciadora sem demora da informe
Ânsia do caos no coração indômito
Ao seio da realidade.
Toda a profundidade do rio
Que se abre a quem não o vê
Como espelho de glória.
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