sábado, 4 de outubro de 2008

Dia Lunes

I
A uma certa Luna
dirigi-me estrênuo.
Para dizer que só
isso é divino,

o resto é um sonho,
é memória do homem.
No embahir... de mim,
pus-me, não sei assim,

nem como terás a mim.
Sê consigo, se é afim
de te saber junto.
Com os dedos a fôrma

unto. Para preenchê-la.
A forma, dobra-se dócil.
Não há sequer ócio
a fazer mão cheia.

Nas idéias que ligo,
no oculto lido antigo
inciso vinte e dois,
parágrafo seis... a tez...

II
Esse código que refiro
foi escrito e perdido.
Logo prefiro na noite,
a luz do dia, e largo,

de lado o comparar.
Volto a decifrar
o que é dívida:
dizer o devido.

Da imagem duvido.
Riso liso e obtuso
por fazer isso que
não ouso...

Dar vez às idéias
da voz que me deras,
do pouco bastante
para preencher

cântaros de alma
a fundo, e no alento,
no sopro lento,
e de braço aberto,

faço azo ao enlace.
Quando vieres,
e se disseres,
que haveres

há de haver...
intempéries.
Sobrevenham,
ou não.


III
Não são vãos
os votos ignorados?
Nem o prolífico
ímpeto que a vela

inflama sopra certo.
Não apaga a chama
mas, rasga a carne
e costuma sangrar.

Sempre ao luar
houveram reentrâncias.
Por querer perpetuar
existências...

Dispensas as mãos ágeis.
Vê como são frágeis
os humanos desejos.
Frente aos corpos

encontram-se doces
e dóceis os corcéis que
na escalada em fúria
escapam à ária,

e a mão técnica
do artista, foge,
passa, imprevista,
pois são mais reais

que os iguais
pois são diferentes.
Fluem ardentes,
e não se deixam

fixar pelos pincéis;
o mais se queixam.
Cinzelar, não se pode,
pois, se apagam as leis.

São Paulo, quatro de outubro de 2008.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog