quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Diké

Abrirei a boca para dizer.
Irei cantá-lo como posso.
Faço da minha polegada
de chance a fim de criar;

Alteio a cítara, cordato,
& as cordas violo
ferindo diapasões no ar
os tímpanos.

Quando erro é por querer
estender o vaso onde jazo
para que não se encontre
a borda:

de tudo o quanto é [bom],
eu [como outro] sou a liga.

Única a mente una pensa
& com dedos acompanha
as mãos desatadas uni-las
numa boa lira & a música
deslinde o encanto
suave, doce, variegado
Quando a musa o mime
da boca mane o canto solto
na rima rica do fino rouco
por não pouco o fogo
ao fio voraz luzidio
incendeia, o universo
se faz em palha e aldeia
de tudo tão perto quanto
o seu ritmo alcança e enlaça
esguio desenlace seca o pranto
das moças que o viam
outrora cínico aparente
agora a fúria cólera,
endemoninhado,
o real vem ao encontro
do poeta que o canta
como ele é, verdadeiramente,
a esse sabedor da torrente
é dada a vazão que ao tino
zune, o que expande
a seiva certeira lance
que é a lauta a messe
O que aprecia o tempero
saiba a sazão do tempo
que faz cindir o sino;
pendão preciso
que ajuíza e acerta.

Não digo nada por melhor
não dizer, ouso, quero,
sei & escondo
o havido e a postura reta
de ilibada fragrância
a virtude flagrante do justo
que a ninguém precisa provar
inocência, mesmo ao gozar
a lua alheia, peça de defesa,
fá-lo-á rir a noite inteira.

Um comentário:

Amanda Teixeira disse...

Olá, "Hórus"!

Pra começo de conversa, que belo pseudônimo!

Atualmente moro em João Pessoa. Se vc também anda pela UFPB, talvez até já tenhamos nos visto pelos corredores!

Vc disse que meu blog era de bom gosto, mas nem se compara aos seus blogs! Você já leu "o Homem sem qualidades", do Musil? Estou louca pra ler. Vi no teu perfil também o Guimarães Rosa, meu escritor predileto e objeto da minha pesquisa.

Gostei muito dos teus poemas, de verdade. Acho que serei visitante assídua dos teus blogs.

Pra terminar, também me interesso bastante por hermetismo (embora não fique tão claro nos meus posts) e filosofia. Viu? Tudo é "serendipidade", nada é por acaso. Mas diga, onde encontrou meu blog?

Abraços e obrigada pela visita,

Amanda (chega.de.saudades@gmail.com)

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