terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Trabalhos & Dias

Et sol crescentes decendens duplicat umbras;
No sol iniciam-se as luzes,
os calouros,
as sombras,
os reflexos,
as dobras
que a superfície dos seres
faz maravilhas
desde duplicá-las nas vestes
Perguntas-me como?
Ora com cinzel & espátula,
ora com palavras, as coisas
& suas réplicas lançam o véu
sobre a esfera, como cortina
que no palco cerrava a cena
ou abria o ato,
tendo ao centro os lustres,
luminares voltados para o nascente
de tudo quanto há de valioso –
para quem os obtusos traçam tramas –
que do justo caudal do rio dimana
em notas leves, sudoríferas & áureas,
aéreas auras que ao se enclavinharem
plenas cromáticas acetinam
os traços sem contornos,
de uma ponta a outra,
as ilhas costuram os hangares;
longo na noite dos dias
o dorso que torço espiralando,
com as mãos
cinzelando várias vezes
as vias plácidas
constelando os astros ao palco
da divina coorte,
onde se vêem os homens:
os poetas, os filósofos, os políticos oradores,
& a plebe, & os pobres,
não os pobres de matéria,
& os estúpidos,
alijados dos lumes,
que indiciam os justos
frente às testemunhas mesmas
de sua justeza,
que desconhecem o fazer-se à vida artística...

Assim, sigo sendo os esmeraldinos plátanos
o banquete do colóquio estelar,
cavalgar: ferir o solo os passos estrepitosos,
chamando as águas que das fontes naturais
emanam, minerais de se dá a beber a criança
da magnificente cabeleira escandalosa, solar,
colimado de insígnias, fogo às tiaras,
dolorosa aos olhos dos subterrâneos...

Os que temem o sol estão já mortos.
Arrepio caminho açoitando as feras.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog