terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Moira III

Dar-me-ia ao movimento temerário,
descrever ativamente o que percebo
como tendo índole aparente do placebo
que nos faz perder as margens do rio.

As linhas se dissolvem não sou sujeito,
não há objetos externos, manopla do ativo
molda no gesto tudo o que é de proveito,
as sútis marcas indeléveis de paixão e motivo.

Cedo, infame, ao abuso da imagem.
Vem-me a Esfinge, o que ela busca?
A multidão abre passagem, estou à sua frente.

Ela não me olha, antes já para si me guardara.
Avança em fito reto, e entre a catarata maior
de sua madeixa, o dedo ao nariz perfila
como que para indicar me interpelarem o ar
do olhar e a direção, e cedo as amigas,
as infatigáveis pirâmides, guardiãs como tu
do horizonte, orgulho dourado do arenoso
dorso deserto oceano cúbico de arestas sibilantes
haveriam de unir-se-lhe a boca ao ouvido
dos tempos a certeza do flerte ao ouvidar.

Ó Senhora das Distâncias,
Espelho de Prata Rotundo,
Arremessa-me ao canto profundo,
pois imenso é o espanto
ao romper o certame das estâncias
a presença do alento eterno.

F.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog