sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Heráclito

Nada é, tudo se outra.

Sucessivas conflagrações de fogo que instaura o tempo, aqueles são os fatos. Sempre foi não houve início. Começo e geração foram intuídos por videntes que apenas partes entrevem. O fogo permuta, consome e permite tudo o que flui configurar-se no durar de sua fulguração. A manifestação é algo secundário. Tudo ocorreu já no ponto onde tudo coexiste. A presença não é maior que a presença. Cada suspiro, cada onda do mar que flui e reflui é imagem cósmica do que expande, em desejos centrífugos, e retorna, em centrípetas saudades. O rio que somos cada um de nós marca o compasso e imagina o tempo porque não se sabe o tempo. O pêndulo tem no ritmo sua compensação, depois de tanto movimento as coisas adquirem uma ordem e tendem a monotonia que o fogo condena ao esquecimento para que tudo seja digno de viver. Ampulheta de simples cacos do futuro, que não nos é dado exceto por tardios de já vistos, lapsos de retinas já fartas de se repetirem? Não. O universo é seletivo e hierárquico: é o diferente que se busca. Nem todos o acessam, ficam no igual, e na eterna repetição de suas idiossincrasias cíclicas. O Valhala é digno das sagas fortes... Mostra as tuas armas!

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